domingo, 31 de março de 2013

festamaior

ontem foi de noite.
um amigo disse que são importantes as obras, as ações, muito mais do que dizer que se vai todos os domingos na igreja.
outro mencionou que as discórdias entre as religiões são motivos para a descrença nas doutrinas.
simples.
amar os outros como amar a gente mesmo.
ressurge simples essa máxima.
ressurge a esperança porque a esperança é digna de ressurgir já que é necessária à sobrevivência da individualidade..
outra frase importante - porque ontem foi de noite - disse que a natureza é cruel.
nós, os seres naturais pertencemos à essa dita.
se a esperança não ressurge como podemos nos aturar, nos encontrarmos, nos conversarmos, nos civilizarmos?
a crueldade nos é cara, está na cara e nas horas vorazes e nas felizes.
dizem também que o cristo, o mahatma e outros mártires seriam mártires novamente e sempre.
dar a cara à tapa.
silenciar quando fechado no trânsito, esbravejar, andar sobre a calçada, animar com poesia, ressurgir.
ontem foi de noite e de noite é todo dia


sábado, 30 de março de 2013

sábadoaleluia

sábado.
serviço, luta, destreza.
ações normais, normativas, pureza.
foi fechado com pedra e a pedra é fundamental.
um mistério que por ser mistério, convence.
a mim não paira dúvida, simplesmente gera as delícias da imaginação.
viver novamente em mim, em você, na gente.
seguir vivendo nas ações benígnas.
seguir sentindo e sentindo muito, lá dentro, aqui dentro, revivendo a fantástica saga do desejar aquilo que faz bem, que alegra o outro.
é tão difícil ressurgir.
é um bem difícil.
existe a pedra no caminho e no caminho há pedra, porém o pedro é de dureza inestimável.
uma dureza mole.
é o meu desejo estimável nos sete dias  - e nesse - um pouco muito mais

sexta-feira, 29 de março de 2013

paixãoreflexa

a paixão é forte.
essa sexta a representa.
uma morte injusta como parecem todas as mortes, porém essa, tem uma marca ainda mais injusta.
alguém vem nos mostrar que a civilização precisa de uma organização civilizatória que necessita de amor compartilhado para que todos possam existir em comunidade.
as pessoas precisam gostar muito de multiplicar coisas maravilhosas.
um amor de maravilhidade igual ao que a gente tem para com a gente mesmo.
ouvi outro dia que existe no planeta recurso suficiente para que - se fosse compartilhado e disitribuido entre todos - haveria saúde e graça para todos.
o nosso amor que civilizaria a felicidade não existe.
hoje a gente morre.
uma morte justa.
a nossa morte seria injusta se a gente passasse muito mais tempo amando, amando e amando.
esse verbo amar, que muito parece ter com a justiça, encara cada vez mais a cara da inexistência

quarta-feira, 27 de março de 2013

dezparaastrês

dez para as três.
com direito à musiquinha no fundo para marcar um exame.
foi rápido, não doeu quase nada e o horário apresentou-se diretamente compatível.
esperemos o resultado.
ando magrinho como dantes, regimado.
cheirei a embalagem cheia de suflair e me recusei a devorá-lo.
força de vontade disse alguém surpeendido.
acho que é vontade sim, paciência sim e um jato de mel com própolis na garganta pra ver se o vírus me ajuda.
a ajuda vem do alto, vem da crença, vem da gente.
adoro gente e tento aprender com ela.
essa gente mal nutrida e desengonçada, essa da praia frangueada, oleosa e densa.
a tal da gente bonita é fartamente conhecida pelos meios que dizem querem que a gente se reconheça.
hoje olhei a porta do meu automóvel e a enxerguei ainda mais perfeita.
perfeita na confusão dos riscos e das pequenas imperfeições da lata

terça-feira, 26 de março de 2013

comprarranhão

saí para levar a dona cortar o cabelo.
saí com a cabeça na água mineral, no pão e nos frios.
não muita pouca, o bastante.
demos risada suficiente acompanhando o fato da doninha não lembrar o caminho do salão.
um telefonema e o dilema foi resolvido.
ao sair das compras, tive que por atenção em um carro que ia sair da rua em frente e noutro que vinha no sentido contrário.
eu tinha a visão encoberta por um caminhãozinho, parado em frente ao supermercado.
saí, esperei o carro passar e o outro atravessar, mas encostei no caminhão para dar passagem.
encostei tanto que ralei o meu espelho do passageiro e rasguei a porta traseira.
Ragar foi a impressão que tive quando o condutor do caminhão - que tinha um trilho de ferro forte como para choque - olhou para o meu automóvel e me disse:
nossa, coitado do senhor, fez um risco enorme.
ali eu disse a ele:
verei quando eu chegar em casa.
estacionei, peguei as compras, saí tranquilo pela porta arregassada e vi.
não vi nada.
estava tudo como quando eu saí no começo do texto

domingo, 24 de março de 2013

reticularidade

a moça fechou sua bolsinha vermelha com bolinhas brancas.
bolinhas brancas em francês têm graça menor e veja que o francês é bonito pra caramba.
a língua francesa.
a curva francesa talvez não seja mais usada em desenho técnico.
as curvas e a paixão do arquiteto.
arquiteto aqui, na engenharia do texto, um plano para as palavras.
na tridimensionalidade da beleza da cena consta a moça, ocupada pelos fazeres diferentes desse domingo.
fazer sempre a mesma coisa tem o direito de rotina.
o direito da retina, é fazer conversa com a sua esquerda

sábado, 23 de março de 2013

serelepe

andei pensando que eu sou parecido - no jeito - com o meu pai.
ele era conhecido como mestre.
de mestre só tenho o professorado.
talvez ele tenha me ensinado sem saber e eu tenha aprendido de fianco.
de esgueio, eu ando admirando a sua figura através do lembramento.
eu gosto da figura dele, da graça e do desembaraço.
no esconde -esconde, observei.
suas brincadeiras com o verbo e um certo prezar pelo descanso.
adoro lembrar-me dele sem nenhuma tristeza.
incrível como ele está bem perto nessa forma de pensá-lo tão bacana.
de tanto estar perto tenho quase sem saudade.
existe em mim a certeza que ele prefere assim.
ele teve um período radialista.
desta feita, a nossa voz tem a sua vez

sexta-feira, 22 de março de 2013

aprenderendosempre

adoro aprender.
gosto de ensinar.
um garoto esperto fez assim num trabalho chargístico.
desenhou um quadro na parede com um sujeito pensando bolinhas.
no fundo estava escrito:
Isso fará você pensar.
um outro sujeito observa o quadro, também pensando bolinhas.
esse, porém, ao mesmo tempo pergunta:
Pensar?
genial a constatação de que pensar dói e dói bastante.
menos dolorida é a vida sem perguntas, numa espécie de vida leva eu.
eu adoro me levar passeando.
dizem que meu irmão - nessa vida - veio a passeio.
eu sempre achei isso ótimo, até porque ele é um dos caras que eu conheço, que mais pensa.
hoje estou me levando passear no bosque enquanto o tal do seu lobo não vem

quinta-feira, 21 de março de 2013

elétricos

acabei de atravessar a rua direito.
assim pareço pensar na rua direita.
o direito e o avesso, o verso.
penso no verso da terra sendo arada a fim de transformar-se em linhas paralelas.
versos.
o direito da linha é o verso.
quando saio da linha, verso.
isso que a mim diz tanto, a ti não diz nada?
pode não dizer nada mesmo.
digo assim para que entendas que o verso da terra é próprio para o plantio.
esse processo me oferece a flor quando lhe ofereço a semente.
as flores brilham no futuro próximo e no mais distante.
brilham.
aparecem no meio da rua augusta ao gosto de quem luz

quarta-feira, 20 de março de 2013

zoézé

achar a culpa do outro.
sempre o erro está alojado no outro.
perceber que a gente se arruma com percepção da nossa própria desarrumação é bonito demais.
eu tenho algo desarrumado em mim.
sei e fico me orientando a partir desse sublime aprendizado.
a minha relação com os outros é a minha oportunidade de expressar - como resultado - essa minha percepção.
um detalhe no outro e eu me melhoro.
essa melhora se multiplica na conversa - versa e reversa - com o outro.
um presente a um amigo é a felicidade dele e a minha própria realização.
agora - eu aprecio demais esse processo, ter essas ideias.
cada um é dono do seu precioso alegro.
na hipótese de algum, ou vários, oferecerem seu alegro à obviedade da repetição dos clichês, aplausos para ele, ou eles, já que até essa minha oratória pode ser inclinada ao clichê.
acho o clichê chique, nem que seja pra zoar a cara dele

terça-feira, 19 de março de 2013

tradições

hoje é o dia do artesão e dizem que se a pessoa produz peças únicas, então ele é artista.
desta forma o seu dia passa a ser oito de maio e assim segue-se a tradição dos rótulos.
no livro está escrito que o eliseu que era visconti produziu rótulos.
ele foi artista.
foi nada, ele ainda é artista mesmo que não esteja mais produzindo por aqui.
faleceu em quarenta e quatro.
o povo dispara a fazer essa tarefa de polemizar.
arte ou artesanato?
tanto faz, a gente não consegue fazer outra coisa, qual seja trabalhar sobre a ideologia incomum.
hoje, a gente nem produto precisa ter.
bastam as ideias

historicamentebonita

com ciência.
com sabedoria, sabendo, conhecendo o que pode ser ainda concebido.
fazer uma pequena intervenção e produzir sorriso.
abraço.
detalhes que abrem as possibilidades de coração.
sinto um vento frio nessa tarde depois do frango coberto com lascas de alho.
desta feita, o frio é a coisa mais quente que pode acelerar a concepção dessas frases.
cientificamente sei sobre algumas coisas.
emocionalmente sei sobre algumas outras.
a mistureba dessas sabedorias resulta num desenho com contornos pretos.
a meninada pintou o fundo com traços coloridos.
cada imagem à maneira escolhida pela cabeça do dono.
o resultado melhor é visto de longe.
isso é, de longe, a coisa mais bela da história

domingo, 17 de março de 2013

nananenê

o gosto.
que mal há em ser do mesmo jeito que quase todo mundo?
nenhum, questão de gosto.
eu gosto mais de ficar pensando, mexendo, escarafunchando o sentido das coisas.
gosto.
com o acento circunflexo, ou com o agudo, ambos inexistentes na grafia, mas fantásticos na fonética.
adoro a fonética.
um passe de dois metros no futebol pode ser a coisa mais difícil de executar.
pode e eu não gosto, acho medonho de dar dó.
do grande consumo de qualquer coisa não gosto simplesmente, acho desnecessário, mesmo que pareça pãodurice da parte que me cabe.
consumir uma obra artística até ela gritar, será a coisa mais sublime.
no filme, a maravilhosa pintora desconhecida, morreu na gravidez, ela e a criança.
o barco do marido ficou lindo e o moço morreu afogado no fim das contas.
eu faço conta do gosto e gosto.
do filme, dormi no quase

sábado, 16 de março de 2013

menosquência

uma frase, um pio, uma sugestão.
uma questão colocada e uma reunião de argumentos e floreios.
assim funciona uma proposta anunciada por uma simples questão.
fora uma simples questão e tudo não seria tão complexo.
difíceis tomadas de decisões fornecem uma montanha de presente.
uma série de coisinhas misturadas num montão.
assim o colibri voou até o ponto mais alto da região.
ali não se sentiu solitário.
ali encontrou uma pequenina folha dentro de um livro enorme.
dedicou-se a desidratar a folhinha e usando a estrutura como molde, desenhou a única imagem do seu antigo livro branco.
foi ele mesmo que o havia levado no bico, até o cume da montanha

sexta-feira, 15 de março de 2013

fazeres

fazeres burocráticos.
eu não gosto, mas adoro aprender com eles.
papéis além de uma ou mais manchas com aquarela.
além da imaginação e contente com a razão.
a necessidade urgente de receber algo em troca, sendo necessária uma quantidade de documentos. ora maior do que a quantia financeira.
xerox, escaneamento e a gravura vai além da xilo, da pedra, do metal, ou da tela de seda.
é legal, mesmo que as reproduções fiquem escondidas no escuro da gaveta, anteriormente conhecida como mapoteca.
aí está o mapa da mina.
a mina transita pelas esferas da razão, da lógica, da imaginação e da emoção.
o seu mapa é astral e é geográfico.
eu acompanho o caminhar dessa estrada, alcançando junto, o outro lado da rua.
se essa rua fosse minha eu não mandava em nada.
mando meu corpo seguir deveras, admirando

quarta-feira, 13 de março de 2013

disseram


disseram que.
uma frase muito superficial e sem significância alguma.
embora o nome dos bois seja basicamente como o nome da rosa, gente tem nome.
essa identidade a gente já sabe que é múltipla, mutável, generosa com as ondas.
mesmo assim, a gente deve se comprometer com a palavra.
hoje - novamente - veio à ideia falar sobre gatos xadrezes.
propor que muita gente faça o seu gato xadrez desenhado e pintado.
a titularidade seria revestida de: era uma vez, vários gatos xadrezes.
além da imagem o povão poderia escrever quadrinhas de rima dupla.

quero contar outro fato
esse que era mais uma vez
um feito qual história de gato
vidrado no peão do xadrez.

e alguém disse que disseram - que o quê - já era mais uma vez

terça-feira, 12 de março de 2013

umemmuitosblás

blá, blá, blá, coisa linda esse texto.
blá, blá, blá no meu entorno quase sempre tem a ver com conversa séria.
procuro realizar - tornar real - todas as coisas que me pedem por providência.
e o blá, blá, blá tem uma significância grande nesse processo.
outro dia um sujeito quis dizer que a carteirinha cultural criada pelo governo não devia valer somente para o consumo do produto cultural.
esse é um blá necessário para a controvérsia criativa que admite todo tipo de opinião expressiva.
a mim parece que muitas coisas tem a ver com o mercado de cultura.
vamos todos ao mercado a cada segundo.
parece hever pouca coisa fora dos mercados.
hoje, uma mocinha ficou indignada com o fato de um sujeito talentoso do teatro da cidade, ser somente um professor de jovens que desejam ser atores famosos.
esse é um somente fabulosamente fantástico.
tenho encantamento com esse processo de produção que multiplica no outro.
esse sujeito tem um blá, blá, blá que - com o seu produto - desencanta o futuro de muitos, que têm na cabeça apenas um sonho tolo de eternidade tempória semprástica

teatronovoereal

um sorriso fino, delineando uma vontade tranquila de acertar.
toda brincadeira é bem vinda quando a criançada espera pela minha chegada.
vou desmontando a minha estante e apresentando muitas coisas novas para elas.
como é rica a experiência de contribuir para um sorriso conjunto.
não é necessário muito, o pouco basta, mas eu ofereço um pouco mais.
representamos algo que foi escrito por alguém e acrescentamos imagens descoladas na hora.
reaprendo a pensar e agir rápido.
reaprendemos rápido a agir pensando.
a tecnologia aprimora o nosso serviço e é bonito esse movimento.
uma linha e suas múltiplas aplicações aparecem na tela.
na hora, é tudo novo
e a mente cresce, a dúvida aparece e - juntos - escrevemos um novo texto.
e mais sorrisos curvam a linha das nossas bocas falantes

domingo, 10 de março de 2013

cabeçavelha

o menino estava instruído a andar pelo museu seguindo uma ordem racional e cronológica.
não quis saber.
quis fazer a sua própria visita, seguindo a sua intuição.
o menino me ensinou e ensina quase sem saber.
ele tem a forma e o jeito das dúvidas, que ensinam as pessoas espertas e curiosas, provavelmente como eu e ele.
tem um jeito que manipula as imagens nos programas de desenho.
ele desprograma a forma e recompõe com a divina essência da realeza.
o imaginário é um lugar muito mais interessante quando aplicado nas pequenas ações contundentes.
o menino aprecia essa escolha.
menino ainda, tem a condição de sobrevoar a xícara cheia com suco de uva.
dali, ele se expõe e expressa os finos traços da parreira, engalfinhada na tela fina de arame

sábado, 9 de março de 2013

canagin

uma gincana é uma competição onde há vencedores e perdedores.
eu adoro perder dando o meu melhor.
quando eu perco, eu aprendo demais.
os trabalhos que eu considero melhores numa prova de pintura mural, nunca são escolhidos como os melhores.
e eu já aprendi demais com isso.
o meu gosto é complicado demais, ele tem estilo demais, ele tem uma lógica própria, praticamente incompreensível para pessoas dotadas de uma certa normalidade.
e veja que eu já compliquei muito mais do que complico hoje.
na paródia: desse aluno sou eu! um verso dizeia que esse aluno fantástico presta muita atenção nas aulas de arte.
andei pensando que um bicho grande deveria dar o presente para um bicho pequeno.
tenhocerteza que a meninada que preferiu o contrário tem uma razão muito boa para assim ter se expressado.
tema bom é somar atitudes e multiplicar valores, porém os meninos e as meninas têm ciência que a realidade está sendo muito mais bruta.
essa tal brutalidade - de alguma forma - esteve estampada na maioria das imagens.
fui lavar a lata de tinta e espirrei manchas no meu jeans.
acabei de achar - com uma caneta preta - uma realidade graciosa na perna da minha calça quieta

sexta-feira, 8 de março de 2013

minhapêra

adoro pêra mole.
perei no acento do termo.
acho impressionante a doçura das frutas.
frutose.
não por ser uma palavra bonita, mas pelo próprio gosto, pela sensibilidade do paladar e do olfato.
pensei em desenhar uma pêra e o fiz.
ficou bonito, porém ficou meio sem gosto, ou cheiro.
adoro tomate pra molho, mas preferencialmente gosto de comê-lo puro.
os pesticidas lhe eliminam a pureza, mas mesmo assim, gosto muito.
acho que gosto por não ter a mínima ideia das porcarias invisíveis que a gente come todo dia.
gosto de pêras e tomates, desse ou daquele jeito.
na flor das suas peles.
adoro panos de pratos, adornados com frutas planas e arrematados com crochê que imitam florezinhas

quarta-feira, 6 de março de 2013

poema urbe

eu estou muito mais velho e já não reconheço muitas pessoas na rua.
todos têm a fisionomia de trabalhadores jovens que já têm seus filhos nos carrinhos de bebê.
muitos andam sem fazer nada e também esses têm seus bebês nos colos das vovós e nos carrinhos.
muita gente na rua e mais eu.
andando, correndo, atravessando avenidas, raciocinando, tomando mel com própolis.
muita gente no planeta e toda essa gente bonita.
linda de respirar e andar apressada pra não dormir, nem carregar a si mesmo, nem outrem.
gente é sempre linda.
com molho de tomate na camiseta branca, suco de uva e maracujá.
gente é linda.
gente nem precisa de poesia, gente é linda

terça-feira, 5 de março de 2013

o belo

eu tenho um certo orgulho de trabalhar com o belo.
feiúra já basta a minha.
meus produtos artísticos valorizam a beleza.
algo sem hipocrisia.
a beleza é tudo que me encanta, me aguça a curiosidade, enfim, tudo o que me interessa.
existem nessa historia da arte muitas exressãoes bizarras, ou até mesmo muito feias.
arte é vida e também a morte, circunstâncias.
reluto, e muito, em achar feiúra nas pessoas.
quando eu digo sobre a minha, respeito demais as minhas demais belezas.
o que seria do azul se não fosse o rosa púrpura?
não há pacto com a beleza sem a relação com aquilo que me causa estranheza.
nojo não é uma sensação que a mim pertence

segunda-feira, 4 de março de 2013

visto que

como eu lhe conto essa história?
um moço andava preocupado com suas contas´que têm que ser pagas.
preocupava-se porque a sua colocação numa vaga certa, tem a data de chamamento, incerta.
ele conseguiu um serviço com pequeno salário e andava ainda mais preocupado.
eu e a avó dele, insistimos sempre para que ele não se preocupasse tanto, afinal, quem tem uma fé ultramisteriosa, sabe que tudo se resolve.
de alguma forma, resolve até aquela coisa sobre a qual temos única certeza.
e assim seguiu-se até o dia de hoje, onde ele ainda seguia preocupado.
ficou uma hora e meia numa fila para inscrição, após essa espera obteve um telefonema que dizia sobre um serviço de um mês e quando ia seguindo de volta para casa recebeu um outro telefonema revelador.
já nem se lembrava mais de ter prestado um concurso numa pequena cidade da região e foi chamado para a vaga.
você começa amanhã.
ele perguntou à moça que anunciou o chamado:
uma vaga já havia sido preenchida há muito tempo, eu era o quarto da fila e os outros dois?
ela respondeu:
os dois não tiveram condições para assumir o posto.
essa história não pretende ser uma história de cunho misterioso e profético.
ela apenas tem a sua dimensão própria, rica em curiosidade e positivo respeito

domingo, 3 de março de 2013

ventoseluzes

um moço - falando pelo celular - no banco atrás do meu, disse ao amigo:
o motorista disse que o ônibus estará na rodoviária de sorocaba em uma hora e quarenta minutos.
e o moço acrescentou:
até daqui a pouco.
o tempo voa, passa muito rápido.
realmente chegamos na hora prevista e já me encontro em casa, escrevendo.
logo será amanhã.
passarei um pequeno tempo sonhando sobre o colchão.
histórias serão contadas dentro da minha cabeça.
lembrarei, ou não, de algo mais atrasado, ou estranho, ou nada disso.
rotina é a engrenagem de um tempo rápido, cores rápidas vão acelerando a rotina e o movimento dos carros brilhantes fazem voar as folhas de alumínio.
passando pelos buracos dessas folhas, o compositor viu a luz da lua salpicar estrelas sobre o chão de terra.
hoje - as luzes dos helicópteros sentinelas - movimentam essas estrelas, igualmente salpicadas pelo chão

sábado, 2 de março de 2013

filmetriste

um filme sobre o amor.
candidato ao oscar.
no instante que escrevo, não sei se o levou, ou não.
penso que devo me empenhar em produzir filmes.
soube que os críticos elogiaram muito a fita que reabilita a visão clássica do amor.
como é lento o processo e como a morte é um fator sublime na visão amorosa da humanidade.
eu já penso diferente, talvez pela minha incapacidade, ou pela minha arrogância.
gosto muito de uma ação ansiosa, adoro balançar as pernas, acho lindo ficar atento, muito, muito e muito mais atentar para as coisas que aparecem ser tentadoras.
esses símbolos me enriquessem mais do que o travesseiro amassado na cena sufocante.
para eles, trata-se de selar a porta e libertar a pomba.
para mim, trata-se de ansiar pelo controle, por menos remoto que pareça o fato dele estar distante das minhas mãos tão cabeçudas

sexta-feira, 1 de março de 2013

como nique

já escrevi várias vezes sobre isso.
eu não desejo comunicar alguma coisa quando eu escrevo.
eu comunico.
torno comum a forma incomum.
já encontrei algumas pessoas que comunicam como eu.
num caso extraordinário, alguém citou a palavra charada.
comunicamos - eu e alguns - através de charadas.
parece que tudo isso perece na ausência de paciência de quem lê.
é necessária a paciência para encaixar os significados.
a maçã é mais que a sua casca vermelha, ou verde.
quando vermelha, o amarelo teima em aparecer no encaixe do cabo.
nesse instante bato-lhe continência e solto as letras