terça-feira, 22 de maio de 2012

Entre as vistas


Assisti o momento da entrevista onde a moça revelou ter sido abusada sexualmente até os treze anos.
Fiquei com a palavra adulto na cabeça.
Sendo verdade que as pessoas não conseguem mudar quase nada em si mesmas no andar do tempo, decidi pensar no adulto como uma criança grande.
A diferença óbvia é que a pessoa com mais idade tem uma variedade muito maior de experiências no seu repertório do que uma criança.
As experimentações: traumas bons e maus que um adulto tem, deveria dar a ele condições de tomar decisões mais sábias, porém parece que na ansiedade de satisfazer os seus próprios desejos, o adulto acaba perdendo o senso de civilidade que permitiria uma vida em sociedade mais terna.
Deveria e permitiria, porém o amor ao próximo como a nós mesmos vai se distanciando cada vez mais da realidade.
Não apenas nas situações mais terríveis, como abusos, torturas, decapitações e martírios, mas também nas situações menos escabrosas onde deformamos a integridade do outro, deveríamos transformar nosso comportamento egoísta - autoritário.
Você deve estar observando que eu já escrevi sobre a imutabilidade do nosso jeito egoísta de ser, portanto, deve estar pensando que não há como nos civilizarmos em real medida. 
Não poder mudar - quase nada - ainda permite alguma mudança.
Olho do segundo andar do prédio onde moro - por cima do monitor pequeno - e vejo uma barra de chocolate meio amargo descansando sobre o braço do sofá.
Não posso comer nem um pequeno pedaço da barra, afinal se o fizer, perderei a doutrina do meu regime antiaçúcar.
São dois os meus desejos.
Um é o meu gosto apurado por doce e o outro é prolongar ao máximo, a trajetória dos meus passos sobre essa terra tão querida.
Tudo isso não garante nada, mas a minha convicção aprecia a ideia do bom senso e a noção dos fatos