segunda-feira, 16 de abril de 2012

Senha


Deve ser dificílimo alguém fazer algo sem saber o que está fazendo.
Ou será ainda mais difícil alguém fazer algo sem saber porque está fazendo?
Escrevi o porquê junto, afinal fiquei em dúvida se nessa forma do questionamento o porquê se escreve junto, ou separado.
Ouvi dizer que sempre que se pergunta, o porquê é separado e sempre que se responde, o porquê é junto.
Tem uma lógica bacana essa regra, porém, como toda regra tem excepção, esse sem saber porque está fazendo - nessa pergunta - talvez seja tudo isso junto.
Junto tudo isso e tento explicar porque essa minha narrativa feita com estilhaços e fragmentos - ao final - pode até ser interpretada de maneira parecida com a minha ideia inicial.
No instante da escrita, todos os fragmentos e estilhaços queriam dizer que a maioria da gente nem sabe porque está a fazer tal coisa, mas agora, toda gente sabe que o que não quer fazer agora é se dar ao trabalho.
Dar-se ao trabalho é coisa que aprecio, de tal forma que estava com uma senha na mão com o número 186 e o número da próxima chamada era 160.
Achei que ultrapassaria o meu horário de exame.
Fiquei esperto e percebi a mocinha dizer à uma senhora indignada, que como o caso dela era encaixe, poderia ser que ela tivesse que esperar uma hora e meia para ser chamada.
Deduzi que as pessoas - como eu - que tinham hora marcada eram chamadas primeiro, sem precisar da senha.
Esperei a moça chamar o próximo nome da listinha que ela trazia nas mãos e perguntei sobre o procedimento.
Ela me disse:
Qual o seu nome?
Apresentei-me e ela apressadamente me respondeu:
Dê-me o seu pedido que você é o próximo da lista.
O que quer dizer tudo isso?
O que significa esse conjunto de estilhaços e fragmentos textuais?
Quero dizer que se você não sabe o porquê de quase todas as coisas, você vai ficar uma vida inteira e mais três meses com todas as senhas, dispersas nas suas mãos