sábado, 14 de abril de 2012

Torradas e torradeira


A tostequeira branca fica estacionada sobre a fórmica branca.
O branco é naturalmente passível quando se trata de aplicações feitas sobre a sua superfície alva.
O branco é vulnerável.
Tudo o que se quer aplicar sobre o branco, faz-se com rara tranquilidade.
Sobre o branco risca-se traçados azuis, escreve-se letras vermelhas, atira-se tinta roxa e até cobre-se totalmente com estupidez.
Ao branco também oferece-se a possibilidade das escrecências humanas e animais, quando fazemo-nas metaforicidades, referindo-as às falcatruas e atrocidades.
O branco acrílico sobrepõe totalmente espaços pretos, já o branco oleoso mistura-se ao outro de forma a originar nuances de cor e tons.
A mistura é sempre salutar em todos os sentidos, tanto que é assim que sentimos a necessidade da transformação pela ação mista.
Um misto de isso com aquilo e tudo torna-se diverso, controverso, estimulante, reflexivo, a ponto de podermos sentarmos à mesa e chegarmos a um denominador comum.
O nome de todos em comum.
Parece que a maioria das pessoas não produz ações dessa natureza, preferindo referir-se ao próprio umbigo e afagá-lo ao extremo, agradecendo a si mesmo por toda altivez e auto refrescância.
Dizem que um espaço pintado de branco dá a noção e a impressão de mais espaço.
O branco é espaçoso e as outras cores idem.
Todo o conjunto da obra é espaçoso.
Há torradas para todos, porém a máquina que as faz, é só aquela torradeira que o texto inquire e pressiona


Ilustração fotográfica de Diana Della Nina