sábado, 7 de abril de 2012

Imita ações rendadas


O que é alegria?
É a cria de uma convicção feliz.
A minha parece eternizada no caminho da compra das batatas.
A calçada era a mesma do jovem senhor que estava sentado e sonolento, sem freguês na frente da sua barbearia.
Perguntei pelo empório e ele, sorridente, disse que bastava uns vinte passos e eu já estaria no dito.
E lá estavam - eu e a alegria - juntos a comprar batatas.
Na minha volta, o barbeiro já estava a trabalhar nos pelos do rosto do sujeito espantador de sono. Meu automóvel eu antevejo de longe e você já está tão perto de saborear a receita.
Não há resposta perfeita para todas as perguntas e nem perguntas perfeitas para todas as observações feitas a partir de uma perna de pau.
Não há receita.
Não receio que minha perspectiva pareça simplória, afinal ela é tudo, menos simplória.
Sento-me na cadeira do papai para prosear com a minha trilha, a sua, a nossa e a deles.
Ofereço meu tênis quase branco para que o aluno distante pergunte-me se fui eu que imprimi as tribais sobre o couro.
Ofereço as respostas desobjetivas que só fazem amarrar os cadarços que insistem em esfregarem-se pelo chão impregnado de chicletes velhos.
Ofereço o meu tempo para que eu mesmo possa viver me perguntando sobre variadas estampas.
E talvez um bordado pronto e uma imitação rendada