terça-feira, 3 de abril de 2012

All gemas


Ouvi que um poema algema.
Constava de um contexto eleito na gema da ideia.
A algema é um lema de aprisionamento e dependência obsessiva.
O poema dito também fala das asas das coisas, portanto, as algemas devem ser bem frouxas.
No meu gosto, algemas não devem exigir a existência.
Gemidos do vento só anunciam as desgraças de um amor inexistente.
Gemidos de vento acontecem no contato do ar com algum atrito delicado.
Atritos delicados são os pulsos algemados.
O pulso da essência melhora as flores não plásticas, já que a seiva que percorre o caule, pulsa sedenta de animar as partes.
Um poema anima as palavras de forma que as imagens nunca são as mesmas, mesmo que sejam demasiadamente semelhantes.
A forma das algemas tem maior beleza quando abertas ao diálogo do material metálico sem a pele.
Você deve estar se perguntando como acontece um diálogo sem uma das partes.
Não acontece sem, acontece com a imagem que formamos da ausência da parte mais delicada.
O poema é forte, musculoso e luta contra as maldições das despalavras.
O nosso ouvido ouve a pele anunciando seu desejo de ser perfumada pelo metal pesado de uma guitarra palhetada.
As cordas que os meus dedos dedilham, fazem soar um aroma quase único, que nos faz lembrar uma palavra chave.
Que palavra é essa que é a chave mestra que a fechadura abre?
Fechadura nenhuma abre alguma chave de braço enrijecida