quinta-feira, 29 de março de 2012

Concreatitude


Minha mãe acha que o feijão mais escuro não é tão bom.
Eu acho o escuro muito saboroso.
O sabor do escuro se esconde na possibilidade de o transformarmos em luz.
O gosto pelo escuro e pela luz não admite escolha, afinal, é a soma da necessidade da luz e da sombra que nos multiplica a vida.
Precisamos de alguma luminosidade para lermos todas as coisas e é o contraste com as sombras que nos possibilita essa beleza.
Uma palavra faltando e a nossa compreensão pode viajar para um outro estado.
Uma palavra sobrando e um outro continente acaba sendo visitado.
É por tudo isso que precisamos de informações mais completas, já que todas as leituras são complexas demais para que andemos apenas sobre a superfície.
Eu adoro andar sobre a superfície das coisas, sobre suas formas, suas linhas, suas primeiras significâncias.
O profundo me encanta da mesma maneira.
Eu adoro o mergulho.
Acabo de mergulhar na fala de um escultor que mostrou para um pai uma escultura de um cavalo e esse lhe disse:
Liiiiiindo meu filho...agora põe uma plaquinha e escreve o que é.
Essa batalha do entendimento é incrível.
O eterno querer entender aquilo que está mais escondido numa espécie de escuridão e querer entender aquilo que parece estar absolutamente claro.
A coincidência entre essas dialéticas aparentes, são a tônica dessas conferências que giram como moscas hipnotizadas pela lâmpada acesa.
Houve época que as lâmpadas eram maravilhosas e havia a necessidade de gênios.
Hoje há muita geniosidade.
A genialidade está na preciosidade que existe na pedra vinda da batida do para-choque na quina da parede do estacionamento.
Parecia pedra, mas é concreto