quarta-feira, 21 de março de 2012

Equilírios


Hoje uma aula de arte é uma propositura composta de variados exercícios de leitura sobre as coisas do mundo.
É lindo isso.
Alguns alunos dotados de um arsenal poético privilegiado acham que deveria ser um livre exercício que compreenda variadas leituras desse mundo imenso.
Permaneço pensando na maioria e desta forma,  acho que esses exercícios ainda devem ser dirigidos e mediados, num processo dialético.
Ponto.
Ponto, vírgula, ponto e vírgula, crase, apóstrofo, exclamação, hífen, interrogação, reticências
Interroga-mo-nos a todo instante nessa tarefa de ler o mundo todo e ainda nos dispomos a interpretá-lo e expressá-lo de inúmeras formas e jeitos.
A tarefa da aula de redação era observar uma foto praiana e escrever um parágrafo usando recursos sensoriais diversos na descrição:
À beira mar ouvimos o sussurro lírico do mar calmo, acostumados que estamos a sentir à flor da pele a sensação doce da água gelada dos cocos, fotografando na alma a leveza desse amor cuja paisagem é o nosso próprio retrato, casado com a observação da multidão quieta.
A tarefa de redigir é bem menor do que o entusiasmo da professora em relação ao exercício.
Ontem, a moça da ofycyna, observou veementemente o meu entusiasmo com as mínimas coisas - e logo - à essa observação colaram-se lúdicas lágrimas.
Entusiasmar me faz cantar com a voz empostada o primeiro verso da canção do rappa: 
A minha arma está armada e apontada para a cara do sossego.
Mais desinteressante do que o sossego é a paz fragilizada dos folgados.
Um pássaro voando com rapidez demasiada atravessando o passo desses mais enlarguecidos faz a tranquilidade deles, afetar seu equilíbrio.
Equilibrar-se é muito bacana quando a corda bamba nos apoia os pés