segunda-feira, 12 de março de 2012

salva vidas


Meu...hoje é um dos dias mais felizes da minha vida mais do que feliz.
Entre o velho e o ser, envelhecer tornou-se antigo, já que de novo, o novo em mim é poder estar contigo.
Depois de ter lido num trabalho, a frase do paul klee, percebi que a primeira vez que a ouvi, a ouvi errado.
Portanto, agora posso dizer que a frase me tornou ainda mais íntimo do sujeito.
Explico:
A frase que o paul disse foi:
A arte não reproduz o invisível, ela torna visível.
Eu continuo achando a frase belíssima, porém, olha a forma com que a ouvi:
A arte não reproduz o visível, ela torna visível.
É outra coisa, claro, reproduzir e tornar, visível e invisível.
Não reproduzimos mais o que está aí, visto e revisto, nós tornamos visível, criamos, oferecemos o que antes não havia existido, ou sido visto da maneira que a nossa retina havia fotografado.
Claro, é compreensível o que o paul disse, mas tem um outro sentido da frase por mim audita.
Na visão do klee, não há algo que paira no ar e o artista vai lá, capta e a representa.
Muito bom também, mas é outra coisa.
No nosso tempo - tanto no meu como no do klee - a máquina retratista já existia e o fato da máquina representar com fidelidade extrema o visível, é isso que a mim mais interessa.
O que a ele mais interessava era a constância com que o povo pensava ser a arte coisa divina.
A ambos interessa que o artista vá além de representar o visível, já que essa nos parece a tarefa mais óbvia para os artistas plásticos clássicos e anteriores a máquina.
Enfim, ele estava pensando em alertar o povo sobre o fato da arte não ter um caráter sobrenatural e eu estou a pensar no que deve acontecer sobrenaturalmente, ou não, quando o artista perde o seu lugar de retratista da dita realidade.
Dirá você que as duas coisas são muitíssimo parecidas, porém para mim parecem duas coisas absolutamente diferentes e encantei-me com o fato de poder dizer que um problema auditivo salvou-me a vida, ou pelo menos deu um novo sentido à minha existência.
Ainda hoje, quando a maioria das pessoas observa um trabalho abstrato a primeira pergunta que vem à cabeça é:
O que é isso?
A arte continua tornando visível, apesar da compreensão de que pensar dói e que quase ninguém gosta de andar dolorido