quinta-feira, 8 de março de 2012

Leitor


O artista é um leitor por excelência.
Acabei de escrever isso no cabeçalho de uma avaliação discursiva.
Acho que a porta de entrada são os olhos, a visão, porém é óbvio que não excluo a audição, a olfação, o tato e o paladar, como outras portas de entrada do ofício.
Adoro alho, temperar com alho, a forma do alho, a casca do alho, o molho de alho na padaria, o macarrão alho e óleo e olha que o alho é o princípio feminino de olho, ora.
Que horas são essas?
O que são issos, se não o plural de coelhos que são feitos de tal maneira que nem dá tempo de contá-los?
Coelhos caolhos olham pro alho como quem olha pros cascalhos.
Chão de pedra que o cotovelo rasga, ou apenas esgarça.
Há que sermos pegos pelo áspero do desassossego, já que não cegos, andamos a ver as coisas pelo seu íntimo e pelas suas estranhas entranhas.
Disse eu a respeito do sucesso que é, quem dos lenços dispõe, já que eles jamais esquentaram as caixas.
Estavam todos aqui e ali, onde os raros devem estar.
Estão todos confortáveis nos catálogos e nas meninas.
A excelência existe nos excelentes em alguma coisa, que sempre são diferentes entre si e entre seus olhos e olhares.
Se olhares direito, verás que o esquerdo é o verso da medalha e que essa é o inverso da moeda, que é apenas um pedaço do produto resultante entre o parar de olhar, multiplicado pelo começar a enxergar bastante