terça-feira, 6 de março de 2012

Solidez


A inteligência é a leitura do íntimo.
Ler em profundidade até a sequência da lava do vulcão no filme candidato à estatueta.
A casa dentro d'água donde sai o menininho, pela porta submersa.
Líquidos como o café que está descansando na xícara.
Liquefeita como a lágrima que escorrerá sobre o meu rosto.
Outras anteriormente já chorei e até chorei bastante.
Basicamente choro de emoção, de sentir como se sente a pequena alergia no contato do papelão com a pele.
O barbante entra pelos dois furinhos - um em cada placa - e atraca uma peça na outra.
Não há necessidade de cola, ou grude, apenas amarração.
Um rolo de durex aproxima-se do grampeador e daqui eu vejo os papéis grampeados.
O carnê e o recibo de pagamento.
O telefone fixo está bem próximo do móvel, do móvel telefone e do móvel que o suporta.
Nós estamos próximos, bem próximos.
No íntimo, no instante do toque e no toc toc que rasteja sobre a porta.
A madeira dos palitos de sorvete foram pintadas de preto e realçam a luz da luminária.
Que a luz da gente possa aproximar-se da luz de todos e que todos possam se sensibilizar com o fato dessa fala ser impossível.
Impassível não ficamos.
Caminhamos rígidos na ansiedade que nos aflige e grita.
Impossíveis, possibilitamos a experenciação com a estranheza.
É estranho como uma careta pode fazer um povo rir e eu rio.
Sou um povo que ainda se espanta e somos mais do que eu e você.
Somos um povo que ainda anda perturbando a rotina e as retinas, vislumbrando um problema e imaginando uma solução liquefeita, ou de solidez rarefeita, feita e rara