domingo, 4 de março de 2012

Olhos e molhos


Vovó enrolou brigadeiros e colocou nas forminhas azuis.
Procurou um papel também azul, porém acabou encontrando apenas um vermelho e preto.
Usou esse mesmo, preto e vermelho.
Vovó mencionou que o ganhador do presente talvez nem preste atenção nesse detalhe.
Disse que é ela que se preocupa com a estética da coisa.
Eu tenho certeza que é quase sempre assim.
Nós é que nos preocupamos com tudo o que nos interessa, nos diz alguma coisa e nos enche de alegria e graça.
Existe uma graça imensa nesse prazer que nos dá em ver o outro feliz.
Feliz no doce e feliz no adorno.
No fundo as coisas dentro da caixa de papelão, moram ali por nossa causa.
Nós fazemos questão de guardar algo que nos traga à lembrança algum sonho, ou causa.
Um pedaço de papel com uma senha, mostra-nos o sabor do salmão compartilhado.
Um número importante na importância do encontro.
O símbolo representa, apresentando de novo aquilo que o cérebro guarda a favor da emoção.
Quando alguém passa desse estágio para um posterior, normalmente as pessoas dizem:
Meus sentimentos!
Sentimos muito e é isso que nos orienta os movimentos.
As pessoas impressionam-se com as pinturas que retratam rostos de pessoas, por conta de parecer que o sujeito as olha sob todas as perspectivas.
Impressiona, porém, o que mais nos impressiona é a capacidade que todos nós temos de nos transformarmos em caixas.
Acabo de achar no fundo de uma, um pedacinho de papel manchado com molho japonês.
Duas pequenas manchas circulares.
Esses recados não param de olhar e orar por nós