quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Mimese


Mimese é a cópia, é a imitação.
A mímica vem desse encanto.
A tal da realidade nos aparece e a gente copia, imita, a refaz quase igual.
Como fazê-la diferente?
A realidade natural tem esperteza própria.
A nossa ideia de evolução faz com que a gente vá gastando os seus recursos.
Penso sempre nas coisas manufaturadas, naquilo que criamos a partir do natural.
Gastamos suas coisas sem reposição.
É assim que nós fazemos a realidade natural diferente, degradando-a, subestimando-a, corrompendo-a.
A realidade sobrenatural nós inventamos com as linguagens artísticas.
Nossas linguagens diletas.
Essas coisas que ultrapassam a nossa consciência vã e que nos coloca próximos do espírito da floresta.
O espírito da pedra, da terra, da água, do oxigênio e do carbono.
Com papel carbono fazemos cópia e cópia roxa, sempre um pouco deslocada do original.
Sem esse espírito extra somos apenas mais uma coisa copiada.
Uma cópia ávida pelo consumo desenfreado, capitalista.
Agarro-me ao extra, àquilo que não apalpo, apego-me a isso que me distrai das coisas de beleza questionável.
A distração humana deve ser o questionamento.
Questionando, ainda teremos chance de nos mantermos na condição de fazermos da natureza - algo diferente  da realidade - posto que a realidade somos nós que a lemos, a reproduzimos e fazemos todos acreditarem.
Questionemos pois, a nossa capacidade de recriar o vermelho das carpas