sábado, 25 de fevereiro de 2012

Som na caixa


A menina disse:
Você é o meu único professor de arte que sabe desenhar.
É incrível a relação direta que há entre arte e desenho.
Talvez tenha sido a primeira representação das coisas feita pelos sapiens.
Lá no fundo da caverna, provavelmente por motivos de fé, eram representados os humanos, suas ferramentas de caça, os bichos, aquilo que a gente via ao redor e até previa.
Meu menino quando tinha cinco anos, para doar os seus brinquedos mais velhos, fez com que eu os desenhasse num caderno de cartografia.
A cartografia da fé e da crença que ele ainda os possuia.
Era dele mesmo e ainda é.
A menina crê no desenhista que representa as coisas bem parecidas com o que elas são, a partir das suas formas.
A minha letra também é bonitinha, ela representa bem as palavrinhas, na lousa e no papel.
O desenho é parecido com a música do violão.
É fácil de se levar pra onde a gente vai.
Basta uma esferográfica, ou um lápis, basta o violão.
O poder da historinha, das falas simbólicas, do risco, do rabisco, do traço e da linha.
Tudo é a mesma coisa que representa as coisas de forma gráfica.
Ainda hoje, quem desenha bem é quem representa de forma mais fiel, aquilo que a gente Vê.
Ainda hoje, eu desejo explicar que a arte vai além dessas histórias.
O barato também é aquilo que não se vê.
A barata resiste.
Preciso do flautista que encanta os ratinhos.
Nessa velha história, o autor diz que são ratinhos, os que seguem a melodia.
Não poderia ser outro, o bicho?
É isso aí bicho!
O bicho que sou, desenha esse tempo.
Esse onde as coisas ainda precisam de flautistas