sábado, 18 de fevereiro de 2012

Hortelãs


Antigamente tudo era hortelã.
Eu nunca tomei água, onde antes tenha boiado um pequeno ramo dessas folhas.
Uma linha no espaço atravessa o buraco de um botão gigante.
A nossa deficiência caminha sobre o fio.
Num instante dessa semana apreciei a frase que dizia sobre a capacidade de observaramos as nossas deficiências, além de enxergarmos as deficiências dos outros.
Uma cadeira de rodas com um menino esperto, indicava a rapidez com que ambos enfrentariam a jornada.
É certo que ambos atravessariam o pequeno buraco do botão enorme.
Ambos, o menino e a cadeira.
Os homens e as coisas, enfrentando vorazes a trajetória inevitável, de baixo para cima.
A sinuosidade da linha parece que nos enche de energia ativa, para que no impulso, possamos alcançar aquele pedaço de linha que ainda existe depois do botão.
Existe espaço de linha após o botão, esperança.
A esperança em nós é certeza.
Faz parte da roda.
Roda que da cadeira é parte.
Depois que inventaram a roda, levar algo muito pesado ficou muito mais simples.
Uma grande ideia que norteia a ideia da simplicidade dentro do complexo.
No papel, o menino e a cadeira estão no meio do caminho entre o início da linha e o botão, porém estão a um terço da linha toda.
Um terço.
Desenho no pano, um copo.
Bebo a água bela, num ondulado movimento, sabendo que pode haver no fim da linha, um leve perfime, que me leve sobre rodas, ao jardim das hortelãs


Texto escrito sobre desenho da aluna Marilia Manes de Miranda