segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Caoticumenato


Arte, deus e o amor são mistérios profundos.
Todos eles nos querem dizer alguma coisa.
O novo é obrigatoriamente diferente.
Não há como não nos interessarmos pelos casos e coisas, misteriosos.
A razão vital que nos mantém é a busca pela significação do mistério.
Hoje pensei que a arte é a busca tranquila - a manha do gato - pelo diferente e pela diferença.
De tanto olhar - no intuito de copiar o retrato do adoniran - acabei desenhando um chapéu muito parecido com o que ele usava.
Praticamente idêntico, porém não era o chapéu do senhor do samba paulista.
Isso não é novo, não é um pensar inovador.
O matisse já desenhou e pintou um cachimbo e depois escreveu ao lado da imagem:
Isso não é um cachimbo.
Você vai me abordar dizendo que não é a mesma coisa, afinal o cachimbo é um cachimbo qualquer e não o cachimbo de alguém específico.
Sim, é verdade, porém nada que é a representação de alguma coisa é a própria coisa.
É a sua reapresentação.
Representação que carrega diferenças do objeto de origem.
Tudo isso passa pelo interesse de alguém.
Há muitos que não têm o menor interesse pelo topete do nietzsche, ou a sua representação em desenho.
O homem do matisse tem na cabeça, uma gaiola sem pássaro, coberta com um pano branco.
Para tantos jovens sentados nos bancos escolares isso é novíssimo, já que ignoram o assunto.
Esse distanciamento do assunto ocupa um professor que interessa-se tanto pela história das coisas.
Tudo isso é dependente do gosto que se tem por aprender, embora o psicanalista tenha dito ontem na tv, que a geração atual é a geração delivery, para quem, todas as coisas vêm trazidas às mãos, prontas.
Prontas do jeito que algum outro apronta.
Eu desejo estar no meio dos aprontões, embora eu seja muito arrumado.
No meio desse furacão caótico maravilhoso, caminhamos na busca do novo e o novo se distrai com o pequeno detalhe que o torna assim, misteriosamente diferente