quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Bordas


A moça está bordando o tecido penetrando na sua malha detalhada.
Escolhe a linha e a linha lhe escolhe.
Escolhe a agulha e a agulha a acolhe.
Existem coisas nas quais nem penso, assim como o comentário de minha mãe sobre o enjoo da roupa de cama.
Eu durmo, leio e desenho sobre a cama e nem sei direito qual é a cor da fronha, do lençol, ou do cobertor.
Desta forma não enjoo da roupa e nem do frango meu de cada dia e dia após dia.
Existem coisas sobre as quais nem me debruço.
Preciso pensar mais nos detalhes dessas coisas delicadas.
Estou bordando com caneta fina de fino trato.
Donde teria vindo essa figura com pé bailarínico?
Os tai dais estão encantando as figuras desejosas de surgirem à vista.
A prazo vou distraindo minha ansiedade com os traços de um paralelismo instantâneo, irritante no seu esconderijo.
A moça do bordado destacou a florescência e vem destacando-se na fluência e nos recursos.
A senhorinha observou que a seta não aponta direto para a pomba, mas sim para o galo de briga.
E a paz da pomba estende as suas asas às asas da outra ave que ameaça a vidência.
A flecha é sábia e organiza o caótico mundo da pureza inabalável.
A pureza aí, mora na divertida delícia que é participar dessa dança cuja música é feita com linha, agulha e lumbramento.
Deslumbrar-nos não nos cabe, afinal é de mais lamparinas que carecemos