sábado, 30 de junho de 2012

Navegadores



Eu hoje vou fazer um samba sobre o amor, falando de você que estende o cobertor sobre a melancolia.
Falando do real que há na poesia, do seu andar discreto sobre a harmonia, do barco da saudade naufragando em nós.
O mar de uma semana vai chamando a gente, nossos barcos viajando muito calmamente vão abrindo as águas, para um beijo a sós.
O sol que não é bobo vai escrevendo a letra e a lua que é esperta gira a maçaneta, abrindo a melodia pra que a gente aponte a cauda do cometa.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

poesia instantânea


Quadricentésimo quadragésimo texto.
As palavras bonitas são assim por natureza.
A nossa natureza e a natureza dos nossos sentimentos provocando emoções diversas.
Andei mais de uma quadra para sentir e saber que o mais bonito é o sorriso do entendimento.
A conversa aberta ao ouvido atento é provocadora de acertos no meio de tanta incerteza e desconserto.
Concertamos e gravamos os sons misturados na maestria da intuição.
Prefiro a intuição, que capacita o improviso e a mutação.
Novamente a tal da metamorfose ambulante.
Um mundo estático é um mundo que não vira.
Viramos o mundo de cima pra baixo e assim vibramos mais cosmo na trincheira que separaria o meu eu do seu

quinta-feira, 28 de junho de 2012

poesia instantânea


Hoje estive passeando com a minha juventude.
Estar jovem é entender o processo de mudança da tecnologia.
As técnicas de manejo aprimorando, ou pelo menos, mudando a ideia das coisas.
Compreender essas mudanças é rejuvenecer-se, acompanhando com consciência e determinação a trajetória pra frente do caminho coletivo.
A essência humana não muda e ter esse senso também colabora para a polida na carcaça de dentro.
Ainda acho muita lindeza nos jovens de cabeça velha.
O pessoal que aprecia as coisas mais antigas e propõe roupagens inovadoras, dando um colorido especial aos fatos.
Mu filho não gosta quando uma jovem cantora canta uma música antiga, com a forma muito semelhante a do cantor original.
A origem desse desgosto está na falta de uma suingada solta e com licença mais que poética.
Hoje me cansei um pouco nos joelhos, mas as minhas frases escritas digitalmente permaneceram animadas pelo amor que vem do centro da casa

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Trililim


Cá estou eu - novamente - achando boniteza em tudo.
Beleza vinda do obscuro corpo da clareza do espírito.
Esse amplo e claro corpo do espírito da incerteza.
Ontem ouvi uma história e ela foi dita assim:
O profeta zacarias viu um exército de ossos secos esparramados pelo campo.
Não havendo mais esperança de vida, ele ouviu o senhor do céu dizer-lhe para expressar pela fala o oráculo, mandando que os ossos se juntassem, que fossem colocados músculos recobertos com pele e que lhes fosse soprado o espírito.
Assim fez zacarias e os corpos foram sendo remontados.
Falou tudo o que o senhor havia ditado, mas ainda não havia mandado soprar o espírito sobre os corpos.
Diante disso, o senhor mandou que o profeta professasse as palavras:
Que sopre o espírito dos quatro cantos do céu sobre os corpos inanimados!
Formou-se um exército imenso e vivo.
Acreditas nisso?
Você que no poder da sua palavra?
Eu acho belíssimo

terça-feira, 26 de junho de 2012

Fruto


A rede social existe há muito tempo.
Falo de algo que vai além das tecnologias digitais, embora a minha digital quando toca a sua, metaboliza o bem.
Escrevo sobre as nossas interações pessoais, os nossos contatos, as conversas, a troca de ideias.
Nada mais poderoso do que um abraço apertado, onde os corações irradiam luz na proximidade dos espaços individuais.
Eu não vivo sem os outros.
A energia elétrica me move para todos os cantos e os cânticos das pessoas me encantam e me levam ao território simples da poesia viva.
Faço poemas diários para a minha amada figura que figura sempre entre os meus braços e as minhas palavras.
Sinto perfeitamente o carinho que me cerca e faço questão de não guardar essa energia resultante.
Venha comigo e com a caneca que me destes.
Destes presentes todos, o que mais gosto é esse, que frutifico e frutificas em mim

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Estéril



Ele não fez por mal.
Essa expressão pode até ser verdadeira, mas não é o outro quem deve usá-la.
Essa é uma expressão própria do eu.
Somos todos compostos por essas duas forças, a história do bem e do mal.
Pareceu-me simples pensar sobre isso na tarde de ontem., já que andou por minha cabeça que essa discussão não é apenas ética, mas é genuinamente estética.
É uma questão onde a gente, ou acha bonito fazer o bem, ou acha belíssimo fazer o mal.
Achar de achar na essência mesmo.
Quem faz o bem e quem faz o mal está sujeito às mesmas doenças e dores, já que todos nós vamos passar por momentos de dor, febre, coceira, arrepios, tristeza e todo tipo de infelicidade.
Posto isso, o fazer bem feito, ou mal feito, nada tem a ver com passar por coisas felizes ou infelizes.
A questão é acharmos bonito ou não.
Um texto de ser repetitivo até a exaustão.
Repito que estou falando das ações desempenhadas na maioria das vezes.
A maior parte das vezes eu faço direito, faço bem feito e fico regojizado com isso.
E quem sente prazer inenarrável , na maior parte das vezes, em fazer mal feito e com requintes de crueldade?
Fui ao banheiro público e encontrei a tampa sobre o vazo molhada, com xixi.
Fui ver meu saldo no caixa eletrônico logo cedo e encontrei um dos botões colado, com cola definitiva.
Você pode questionar também a minha noção de estética

domingo, 24 de junho de 2012

Frituras



Uma fratura de fêmur e a habilidade do cirurgião.
Pequenos cortes e uma recuperação surpreendente da senhora das flores.
Recuperar-se é tarefa para guerreiros floristas.
Hoje a osteoporose acontece cada vez mais nos mais novos, fora do anteriormente previsto.
Quando acontece, na necessidade da colocação de parafusos nos ossos, o aperto para prender os pedaços é menor e corre grande risco de espanar.
O pó sobre os móveis e a moldura, acumula-se, seja em que cidadezinha for.
Existem várias formas de viver e viver ainda é a mais bela delas.
Viver gostando, querendo, se recuperando e - se desejarmos asssim - prevenindo-se para o futuro próximo.
A presenção não garante quase nada, mas é uma diversão prevenir-se.
Eu me divirto.
É coisa de quem gosta bastante desse pequenino espaço de tempo e território.
Eu sigo adorando e rindo sobre as coisas e as pessoas que merecem sorriso



Foto de Diana Malimpensa Della Nina

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Piadas




Criar um objeto a partir de um material inusitado.
Dar forma diferenciada do anteriormente visto.
Criar.
Um pedaço de lã torna-se bicho.
Também pode-se virar bicho quando o assunto é futebol.
Não deveria ser assim.
É uma graça brincar com o adversário, pode-se piar sutilmente, o outro pode retrucar, encontrar uma solução engraçada.
Xingos, pontapés, agressões levianas, fazem parte de uma guerra tola, sem bola.
Do jogo faz parte o lúdico, o professar humorístico inteligente.
Um xeque pastor, que inicia a conquista com o coração da conversa.
O coração na conversa, converge para o entretenimento mágico.
Encontramos uma pena de canário no meio das quatro linhas.
Ao pensarmos no gato que espreita o território, acreditamos que devemos escrever com a pena, uma história rasgada, onde rimos juntos, na mesma piada


Foto do trabalho criado pela aluna Ana Laura Monteiro B. dos Santos

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Terrenos


Daqui do janelão do segundo andar eu vejo a terraplanagem do terreno, feita para a construção de algo parecido com vagas para automóveis.
Servirá aos predinhos que estão em início de construção.
Eu já estou construído num estágio um pouco mais adiantado, visto que já pareço um vidente.
Venho acompanhando os acontecimentos com antecedência e percebido que essa atividade é mais banal do que parece.
Basta ter prestado e continuar prestando atenção em quase tudo o que me cerca e me traumatiza.
Não se esqueça que eu acredito nos traumas ruins e nos maravilhosos.
As coisas vão batendo de frente comigo e eu as filtro pela derme, epiderme, passando pelos sentimentos até chegar nas emoções.
Uma maravilha molhada pela chuva constante que vem chovendo.
A corredeira faz o terreno vai adquirir veios e marcas buraquentas.
O que os tratores acertaram, a chuva vai plasticamente reformando.
Adoro pensar que a natureza não está nem aí para a nossa raça.
Ela permanecerá absolutamente consciente da sua postura e do seu caminho.
Uns poucos de nós - é que estão e estamos - a preparar o nosso terreno no espaço

quarta-feira, 20 de junho de 2012

tarefas


Tomar conta.
Contar com a participação de todos.
Fazer a conta acarretará uma série de benefícios para aqueles que se darem conta.
Dar conta é oferecer-se a favor dos outros.
Não fazer conta dos aborrecimentos e dos aborrecedores, também é não violência.
Vou contar sempre multiplicando, afinal, a subtração atrai menos coisas bonitas para a nossa lida.
A nossa lida não é uma lida rápida.
É uma leitura plural, que busca contar com o maior número de acertos possíveis.
Tomar conta de pessoas que buscam provar alguma coisa, é tarefa desnecessária.
Difícil é provar que tudo isso é um poema aberto.
A mim sobra a tarefa de não provar mais nada.
Vou sugerindo que eu proponha - a mim mesmo - questões que eu julgue mais relevantes, assim como a que me leva a chorar menos e a explicar quantas vezes forem necessárias, como se calcula a área do quadrado

terça-feira, 19 de junho de 2012

Mãe


o zeca que é baleiro, transmitiu em uma de suas letras a ideia que a vida eterna é o sonho e que deus é o tempo.
disse também que o sonho de lennon morreu e o dele não.
penso que o menino de liverpool, ao expressar seu sonho, eternizou  a sua vida, que ressuscita em cada gesto nosso, que é assemelhado ao sonho dele.
sendo o seu sonho a não violência, a cada vivência pacífica, vamos ressuscitando o poeta.
felipe, aquele que é pondé, não gosta desses sujeitos - feito eu - mais dispostos à felicidade e tranquilões, mas permaneço no propósito que acho bonito.
tmpenho meu sonho e meus gestos, na ação de achar muita boniteza na paciência eterna.
teremos sempre violência e guerra, chutes e pontapés.
teremos tudo isso para que eu possa achar belíssimos os atos elegantes e suaves.
penso que sou artista por achar lindeza na oposição ao violento.
existem mães violentas, desonestas e pavorosas.
nesse texto imito o valter hugo, que é o mãe

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ecos


Ela é rápida.
Para pessoas rápidas não adianta dizer que tal movimento pode levar à consequências graves.
Grave e agudo.
Leve e pesado.
Hoje ela já está falante pelos cotovelos e fêmures.
É verdade que ignorar é ter a felicidade na cabeça, mas também é verdade que abundar de ideias a cabeça, é promover felicidade a que tem essas e outras ideias.
A ideia é essa, estar sempre em movimento, mesmo que sempre estejamos ignorando alguma coisa.
Os pinos que me faltam na cachola, devem ser usados para unir as partes ossudas, nesse instante de instabilidade.
Ecoar é multiplicar o eco aos quatro ventos.
Ignoro quais sejam esses quatro, mas acho bonito o vento que nos é soprado e nos enche de sentido

domingo, 17 de junho de 2012

Canção


Os meus, ficaram casa ouvindo rock and roll.
Há muito não ouço o som das pedras rolando e é bem verdade que venho ouvindo pouco qualquer som, gravado e produzido em estúdios.
Ouço aos poucos, aqui e ali, em movimento.
Os meus?
Disse o homem de nazaré, que os dele são os que fazem o bem e preocupam-se com os outros.
Ocupam-se, apresentam ações a favor, seguem em frente ensinando a pescar e também - por que não - dando o peixe.
Sempre foi necessário que a pessoa tivesse ação pessoal suficiente, para que pudesse dar conta da maioria dos problemas que se apresentam.
Isso é auto ajuda.
Achar soluções, encontrar formas criativas e variadas de resolver as problemáticas apresentadas.
Adoro isso.
Os meus, não ficam em casa e quase sempre ouvem a canção que toca entre as tábuas das palafitas


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Café no bule


Um dia após o outro.
Assim sempre é amanhã.
A coisa mais linda é sempre estar correndo atrás desse pressuposto amanhã.
Acho bonito entender o estudo da história para sabermos o que já foi bem feito para que possamos repetir o feito.
Se não gostarmos da coisa mal feita, podemos não repetir o mal feitio fazendo com que essa história seja valorizada mais uma vez.
Uns dizem que a história é coisa do passado.
Eu adoro a lembrança nas fotos e a proposta da revisão do que passou.
Adoro mais que o filme e menos do que meu gosto pela memória cerebral.
Quantas vezes já usamos a paródia perfumada do presente?
Ganhei de presente uma toalha bordada com as imagens da minha infância.
Hoje calcei os meus sapatos laceados, para continuar correndo atrás do café.
Depois de um sono bom, um requintado café de amanhã

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Balas e alças


Marcas do consumo.
Todo exagero sugere desequilíbrio.
Equilíbrio distante, já que partimos do desequilíbrio para medirmos nossa expectativa de mudança.
E quando mudamos pra cá, perdemos a noção do lá e assim a nossa balança dança.
É o movimento constante do humano.
No humano tudo consta.
Expressar o humano do consumo, gera objetos prontos para serem reconsumidos e assim segue o curso da matriz.
O que vale bastante é o abraço apertado da lembrança de um momento eternizado.
A professora me disse que uma aluna do passado, no presente deu-lhe um abraço forte e comentou que a aula dela falava de assuntos chatos, mas ela era muito legal.
Assim já disse o paulo, que foi e é freire.
Todos seremos lembrados de uma forma, ou de outra.
Estamos todos na mesma balança, com dois pratos

terça-feira, 12 de junho de 2012

Letrando


Outra vez a mística história dos números.
Claro, que a minha operadora de celular ficou mandando a mesma mensagem várias vezes.
O número era 2222.
No final da tarde as mensagens pararam de aparcer na tela, porém, antes disso, quando eu estava andando com meu automóvel pela marginal - ao dar uma olhadela no painel - vi que a numeração da quilometragem marcava 2222.
Acabou o filme passado na reunião de escola e o número na camiseta do menino autista era 1322.
Assim correm as ondas do misterioso ritmo das coisas coincidentes.
Penso que a grande mágica é saber observar essas coisas, de forma que elas pareçam soar como canções que desejam letras amorosas.
Assim é se lhe parece, é uma frase digna de respeito.
Parece que eu vejo daqui, uma série de letras embaralhadas, que só têm sentido e significado, quando palavriadas por você

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Fala


Comecei a assistir o programa sobre temas complexos porque a história era sobre música.
Falavam sobre as músicas de sucesso bombástico.
E todos os jornalistas diziam sobre a baixíssima qualidade dessas melodias acompanhadas de letras monossilábicas.
Tcha, tchum, tchum, tchan e segura o tchum e o tum tum tum, que bate no coração e na repetição grudante de abundar na orelha.
Eu acho o máximo.
Quando o raul que é gil tocou pela primeira vez o gera, já vi que ia ser sucesso e eu já achei adorável.
E por aí vai a minha alma brega.
O monossílabo aqui é ritmo.
Adoro o rappa, rappá.
Adoro por suas letras companharem a batida e tchun.
Velho, véio, véi, rapaz.
Ta apontada a arma para a cara do sossego.
É sossego absoluto dizer que o cult é cult e tal e tais, eu quero é mais.
Música de amor para os namorados e também para todos os que acham bacana o tal do baco ser um deus e tals e tais.
Assim assim e assim assado, assado e cozido.
Faala,la la la la la la la laiá, fala.
Eu só sei dizer e digo:
Farei uma canção pra grudar no seu ouvido



domingo, 10 de junho de 2012

Igual poesia


Alguns dias frios com a alma quente.
Acho muito interessante a expressão: sensação térmica.
Como é importante a sensação.
Tudo vem das sensações que temos das coisas, depois delas é que passamos para a fase das impressões.
Encantam-me muito as expressões, já que elas são as respostas ao processo anterior.
Como deve ser triste não vivenciar esse processo em sua totalidade, ou pelo menos, perceber que ele existe magno.
Escrevendo o parágrafo anterior captei que a sequência exata é: sensação, percepção, impressão e expressão.
Perceber as coisas é exercitar a nossa cognição, o nosso raciocínio.
Repito que adoro o fazer, o colocar em prática, o realizar, tornar real, enfim, adoro o quente da alma vivenciando o processo.
Nesses dias frios a memória talvez esteja mais aquecida, afinal, passamos mais tempo ensimesmados e, portanto, mais aptos às reflexões.
Os dias frios têm algo de arte em suas horas.
Quentes, os dias anseiam por serem esses outros, de igual poesia


sábado, 9 de junho de 2012

Templos


Kinkaku-ji, templo dourado.
Lá está a urna com as cinzas de um ente querido.
Dourado ser que circulou por essas bandas para culturalizar-se e culturar os outros.
Também trouxe pra cá a garota.
Na visita ao templo, com uma garoa fina cobrindo a pista escorregadia e seus lados, apareceu deslumbrante - com uma copa de vermelho reluzente - um cogumelo singular.
Não havia como não ver.
Além das coisas, há sempre um significado diverso para todas elas.
A fotografia revela a cena.
Os templos de revelação - revelamos nós - em cada uma das nossas resignificações.
A criação depende da soma daquilo que todos enxergam, com aquilo que aquilo pode ter de mais alguma coisa.
Não sendo a soma, jamais aquilo criado terá a função de transformar, aquilo que antes já havia


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Classes de palavras


O povo não deveria se brigar, mas a gente se briga.
A notícia diz que o segurança colocou uma pessoa pra fora do estabelimento.
O sujeito foi embora e voltou duas horas depois voltou para dar um tiro, matando o vigilante.
Penso que eu já estava vigilante sobre essa história de matança e loucura, ou apenas e tão somente a característica animal do humano - quando por ciúme - a moça esquartejou o marido.
Dizem que toda vez que é anunciado um caso desses, algumas pessoas começam a ter a mesma ideia e salpicam casos semelhantes pelo mundo.
A gente não devia se brigar e continua se brigando.
Por mais que pareça piegas a dita sobre a importância que o outro tem pra gente, é assim que a civilização vai se enquadrando na anticarnificina geral.
É claro que existe uma dúvida enorme.
Não se sabe se sem esse enquadramento a sociedade sairia se matando.
O que sabemos é que guerras acontecem aos montes, a todo instante e de todas as formas.
A gente poderia estar mais apto a não se brigar.
A verdade é que nós sabemos muito não nos brigarmos sozinhos, mesmo que isso não tenha a ver com classe social ou crença

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Elétrica


Hoje eu passei embaixo de uma daquelas árvores da avenida.
Havia chuviscado durante a noite toda e nessa hora que eu caminhava garoava fino, bem leve.
Capuz, ou capucho na cabeça e andar firme até a marginal.
A árvore chorou dentro dos meus olhos.
A gota esbarrou na haste dos óculos, rolou dentro do olho e escorregou pela face.
A árvore chorou e no instante exato da rolagem eu avistei o emaranhado de fios vencendo os galhos podados da dita.
Batalha quase completamente perdida ante a força da energia elétrica conduzida pelos fios.
Haverá o dia no qual os cabos serão subterrâneos?
Quando isso acontecer por vontade política será que ainda teremos vontade de ver o verde que as meninas vestem?
Numa aula, quando um garoto apareceu com uma jaqueta verde fluorescente uma garota perguntou:
Quantas pilhas vão nessa jaqueta?
Nossa vontade é movida a energia elétrica que nos une e nutre - já que é com ela - que vivemos o que a gente mais gosta

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Gesto


Hoje é mais um dia liso, polido.
Espelhos d'água pela cidade, ornamentando-a com seus próprios reflexos.
Cores exuberantes dos postes, das colunas, vigas e dos ônibus com tarifa elevada.
Tenho percebido várias coisas nesses meus dias de cidadão.
Eu como consumidor urbano, voltado para uns gostos refinados e outros, nem tanto.
Curioso como o meu amigo que teve a sensibilidade de perceber qual seria a relação da imagem com o texto, ontem postado.
Qual seria a relação do desenho inacabado com a nossa observação da cidade em prantos?
Seria o céu, ou seria a cidade que, aos prantos, reflete sobre alguma coisa?
Estou compondo uma canção para o filho do espetáculo.
Mãe sorriso, pai arcanjo e um filho.
Bonito pensar essa história gestada no gesto sagrado do encantamento.
Tudo se passa na cidade polida e tudo passa como passam as águas, mesmo que fosse melhor, ela singular.
A água é ela e o seu poder majestoso de ser ao mesmo tempo, épica e lírica

terça-feira, 5 de junho de 2012

Império d'água


A chuva chegou.
Com ela a cidade inteira impermeabilizada.
Como escrevi antes, acho linda a cidade plástica, plastificada.
Todos os bueiros entupidos pela deselegância humana.
Essa coisa a gente só vê quando chove.
As vezes a gente se esquece dessa característica típica da cidade.
Toda água escorrendo rápida e depois parando em poças imensas e perigosas.
A gente adora falar sobre o que não vê.
Essa coisa toda que tem a ver com meio ambiente e os discursos. 
A prática é essa beleza.
Repito que a cidade certa é totalmente lisa, sem o relevo das árvores.
Certa - da certeza da realidade crua - que é instalada e instaurada pelo império da lei do mercado.
A cidade diferente dessa é uma das peças do nosso imaginário, que impera no nosso império quase sem noção.
A minha nação talvez seja estrábica, ou periférica

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Olhos gastos


Uns gostam dos olhos...
Ouvi no café de ontem, que ao nos encontrarmos com a liberdade decidimos optar pela segurança.
Aprendi que somos livres e que - na modernidade - a única lei a que obedecemos é a de mercado, disse o felipe que é luiz e pondé.
Aprendi que a liberdade não tem estrutura, não tem leis ou normas - e dessa forma - torna-se muito difícil ser livre.
Temos que inventar as suas estruturas e suas normas que são muito voláteis, portanto, são mutantes demais.
Isso dá um trabalho demasiado.
Ficar inventando.
Decidi que vou passar um tempo sem ver e ouvir esses programas de conteúdo muito complexo.
Resolvi ficar apenas com essas constatações finais e continuar remoendo-as e reinventando-as - dentro do meu fiesta - por exemplo.
Vou colocando em prática aos poucos, minuto a minuto, e assim vou festejando a vida inteira mais três meses.
O menino adulto disse não crê na natureza humana.
O homem assim foi criado.
Posto assim, é criado mudo até hoje.
Pensei que o homem é sim - fruto da natureza, porém com um sopro de espírito a entranhar-lhe os órgãos e os sistemas todos.
Eu invento, tu inventas, nós inventamos.
Você não inventa?
Uns gostam dos olhos


domingo, 3 de junho de 2012

Sem trastes


Maravilha.
Houve época que a cor era vinho.
Maravilha bacana.
Normalmente pintada a lápis de cor.
Daqueles lápis que a gente guardava num estojo que a tampa abria escorregando.
Coisa da alta tecnologia da canetinha silvapen, cola tenaz, bic azul e borracha mercur.
Mercúrio, cura as feridas, brincando de midas, tocando os corações.
Um toque dourado iluminando com beneces a quem não acalca o lápis.
Tudo isso ornando com a moldura, a casca, a casaca, o tergal e as meias três quartos.
A parte de dentro contenta-se em alegrar-se com a luz do amarelo.
Repares-te que todo lápis de cor, mesmo o mais fuleiro, tem qualidade no amarelo?
Maravilha é a cor de maravilha.
Sempre a chamei assim, de maravilha, mesmo que o mais bonito pudesse até ser - da maravilha.
Seria outra história, essa é de maravilha mesmo.
Um colorido todo especial que se diferencia de um contraste deveras artificial.
Não se trata d'uma diferença de claro-escuro, ou das complementares.
O contraste aqui, é naturalmente da cor em si

sábado, 2 de junho de 2012

Out box


Eu gosto da combinação cromática entre o amarelo e o marrom.
Não uma mistura voraz, misturando as tintas, mas um encostar das cores, um abraçar bem perto.
Amarelo e marrom.
Ando com chorte vermelho e preto, mas adoraria ter um verde e branco.
Acho que vou às compras pra comprar essa coisa só.
Escrever a palavra short em português é muito show.
É apenas uma mostra pequena da diversão que é colocar tudo em palavras.
Consumista é o que sou, o que soul, em alma e coração.
O oxigênio que nos é caro é o maior barato.
Respiro aqui toda a sorte do mundo.
A invenção não fugaz de estar sempre inventando o contemporâneo.
Nome lindo de um programa cultural mais lindo ainda.
A invenção do contemporâneo, recheando de provocações aquilo a que nos permitimos.
Uma chuva dentro do box e a caixa se abre