sábado, 31 de março de 2012

Tábuas pra que te quero


No filme que quase assistimos ontem, a bailarina é muda.
Muda-se de novo, remuda-se, transforma-se em geleira bonita.
Quase todas as histórias são quase iguais.
Esse encantamento talvez dê ainda mais credibilidade ao poder do instante.
Cada um desses são quase iguais aos outros.
Essa delicadeza do quase, movimenta todo o resto da nossa história.
Movimenta todos os shows de realidades que possamos escrever, ou rever.
O quase criado mudo, pode revelar-se um contador de histórias gigante.
Contador gigante, ou histórias gigantes, já que ambos debruçam-se sobre o mesmo estígma.
O lema é mudar o poder de transformação que temos, porém jamais o matamos porque temos certa predileção pela dor.
Sou insensível a dor, ou pelo menos meto essa impressão, já que adivinho que certas coisas são inevitáveis.
Falo porque acredito na muda e mudo o tom tentando entender o contexto.
Compreender o contexto, o texto e as entrelinhas é invisível super poder que as vezes nos angustia.
Angústia é dor e dor nós sofremos.
O prego sofre o impacto do ferro do martelo, que é regido pela nossa força, já a tabuinha sofre o perfurar das suas veias.
Quem sofre mais?
Sofremos todos, ao parecermos momentaneamente, com os tacos que suportam a tábua

sexta-feira, 30 de março de 2012

Mudares


Deve-se mudar a muda.
Deve-se falar da muda.
Deve-se e eu quero pagar pra ver.
Uma muda de uma plantinha que ganhei no dia dos professores raiou como raia os sóis.
Lá está ela, toda muda e falando tanto, nada quieta.
A menina perguntou-me se eu não tinha uma muda de tênis.
Respondi que não.
Tenho apenas esse mudo, que me fala do amor falado, vindo da minha pequena grande bailarina.
Dura que dura bastante e muito.
Dura e doura meus pés que já andaram bem mais do que andam hoje, porém ainda dão muito pé pra manga.
O pé de manga também já foi muda e hoje cresce junto às crianças da escola pública.
O público gosta dos desenhos pequenos que vivem pendurados nas minhas pernas.
A menina também adora.
As pernas finas que são sustentadas pelos meus pés bonitos.
Dentro desse corpo e rosto de beleza complicada, mora uma coisa que gosta bastante dos pés bem desenhados.
Essa coisa doidinha acha de encontrar encanto em todas as perguntas.
Quando pús pela primeira vez meu par de tênis, meu filho professor exclamou:
Foi minha irmã que te deu!
A certeza vinha das impressões branquíssimas quase gritando:
Cheguei!
A bailarina gosta das coisas que chegam assim.
Hoje as coisas não são tão alvas nem tão verdes, mas a mudez sincera vem apresentar-se de forma clara.
Ando a precisar de mais calçados, porém só voltarei a pensar nisso após as calçadas serem revestidas com menos famintos, menos pepelões e muito, muito mais sementes que acontecem mudas

quinta-feira, 29 de março de 2012

Concreatitude


Minha mãe acha que o feijão mais escuro não é tão bom.
Eu acho o escuro muito saboroso.
O sabor do escuro se esconde na possibilidade de o transformarmos em luz.
O gosto pelo escuro e pela luz não admite escolha, afinal, é a soma da necessidade da luz e da sombra que nos multiplica a vida.
Precisamos de alguma luminosidade para lermos todas as coisas e é o contraste com as sombras que nos possibilita essa beleza.
Uma palavra faltando e a nossa compreensão pode viajar para um outro estado.
Uma palavra sobrando e um outro continente acaba sendo visitado.
É por tudo isso que precisamos de informações mais completas, já que todas as leituras são complexas demais para que andemos apenas sobre a superfície.
Eu adoro andar sobre a superfície das coisas, sobre suas formas, suas linhas, suas primeiras significâncias.
O profundo me encanta da mesma maneira.
Eu adoro o mergulho.
Acabo de mergulhar na fala de um escultor que mostrou para um pai uma escultura de um cavalo e esse lhe disse:
Liiiiiindo meu filho...agora põe uma plaquinha e escreve o que é.
Essa batalha do entendimento é incrível.
O eterno querer entender aquilo que está mais escondido numa espécie de escuridão e querer entender aquilo que parece estar absolutamente claro.
A coincidência entre essas dialéticas aparentes, são a tônica dessas conferências que giram como moscas hipnotizadas pela lâmpada acesa.
Houve época que as lâmpadas eram maravilhosas e havia a necessidade de gênios.
Hoje há muita geniosidade.
A genialidade está na preciosidade que existe na pedra vinda da batida do para-choque na quina da parede do estacionamento.
Parecia pedra, mas é concreto

quarta-feira, 28 de março de 2012

Imaginariamente


A gente nem pensa no poder de comunicação através de uma estampa na camiseta.
Coloquei uma camiseta depois de muito tempo e a menina perguntou-me o que significava rockcoruja.
Foi bonito rememorar e apresentar a ela que rockcoruja foi uma apresentação anual das bandas do colégio.
Uma tradição.
Uma sala aberta ao entretenimento e às demonstrações de talento, força e elegância.
É bonita a reinterpretação das coisas anteriormente interpretadas.
As coisas mudam e essa mudança é importante demais.
As coisas que não mudam não funcionam mais, não perguntam mais e não mais respondem.
Mais importante do que a mudança das coisas é a gente poder ir compreendendo essas mudanças.
Reinterpretando as transformações, retransformando, dando novas formas à nossa própria conformação, vamos buscando alterar a vivência em nós e nas coisas.
Visto a camiseta e saio.
Perceber que as pessoas observam com cuidado as linhas das imagens é importante para coletarmos a poética sensorial das coisas.
O filme vai pretender retratar a metamorfose de kafka.
Os insetos e os humanos.
Os insetos não invadem o quarto porque estão em reunião, unidos em salas fechadíssimas

terça-feira, 27 de março de 2012

Falandínho


Depois de algum tempo usei a palavra comunicação.
Veio à tona a lembrança da palestra que disse que o responsável pela comunicação é quem a emite, já que o outro tem que entender o que foi comunicado.
É incrível como não é assim na comunicação do objeto artístico.
O objeto comunica e o observador interpreta à maneira dele, provocando assim, vários entendimentos.
Dirá você que o objeto é fruto humano e portanto, é esse que está comunicando e novamente, o outro deve entender.
Mesmo que seja assim, o artista é comunicador e não exige entendimento.
O outro precisa ler a coisa.
Lendo, precisamos , ou não, comunicar o entendimento gerando conhecimento e cultura.
Eu gosto do debate, da dialética, das interpretações e gosto tanto que não me contento com a observação da maioria sobre a compreensão do filme do wood, da vic, da cristina e de barcelona.
Como disse a célebre ofycyneyra, a maioria coloca o foco na versão das opções de relacionamento e isso deixa o resultado da película, muito menor.
Redescobri tudo isso numa pequena pesquisa que fiz desde ontem com quem assistiu.
Vamos caminhando assim, com uma leitura periférica, onde se privilegia o superficial da primeira leitura visual.
O amor é algo indescritível e infalável, incomunicável através de versos, ou prosas.
É comunicação invisível, porém sentida no profundo do invisível das palavras e das imagens e também da pele.
Comunico assim, sem a responsabilidade de ser compreendido e entendido.
O amor é assim, todas as outras coisas contribuem para um gostar apaixonado e imenso

segunda-feira, 26 de março de 2012

Irritação cutânea



Uma linha foi feita sobre uma parede lisa.
Uma linha gráfica, riscada, não uma rachadura.
Imagine quando um sujeito percebeu as linhas das construções direcionando-se para um único ponto.
O ponto de fuga retratado no afresco chamado de última ceia.
Imagine a mente direcionando os olhos para essa observação sensível.
Imagine a percepção da pessoa.
Hoje eu retrato essas cenas imaginando esses cérebros iluminados nas suas regiões específicas.
Olhe pela liberdade de culto religioso.
Olhe a necessidade fanática de ansiolíticos.
Olhe para as coisas e perceba que a maioria das pessoas que viram o filme do wood e não tiveram a mesma interpretação que a minha.
As várias interpretações e a paixão que eu tenho pelas minhas.
O entendimento e a compreensão são os resultados das investigações dos curiosos.
Não existe necessidade alguma da curiosidade se estamos ajustados ao estado comum.
Eu entendo a necessidade de se ter entretenimento e entendo que cada um deve lidar com essa máxima com o mínimo de bom senso.
Você entende a manipulação da comunicação de massa?
Eu compreendo bem, porque pertenço completamente ao conjunto caretézimo de pessoas altamente manipuladas.
É interessante perceber que eu não tenho a menor condição de manipular nada, já que a minha comunicação expressiva e insistente, é extremamente irritante

domingo, 25 de março de 2012

Perguntália


Eu jamais responderei a uma pergunta sem contar pelo menos uma história.
Por que?
Porque uma pergunta abre um universo na minha cabeça.
Hoje reencontrei um amigo do primário.
De primário ele não tem nada, desde pequeno ele foi prodígio.
Junto com a gente, estava um outro amigo da mesma data e da mesma excelência.
Um outro tipo, um artista de verdade.
Aquele que faz da xilogravura a sua vida e da sua obra de uma vida inteira.
O prodígio é filósofo com causa já que tem uma pequena peça escultórica no armário sobre a televisão e uma gravura do juan na parede.
Eu, espectando esse encantamento todo contando causos e mais casos.
A causa da minha curiosidade ainda é incerta.
Assim como o filme que vimos ontem fala abertamente sobre as possibilidades do amor estar inserido no contexto das relações humanas, eu digo que admiro a forma como o tema foi e é exposto na película.
Rente à pele está a sensação prazerosa e o amor observa a cena de uma certa distância.
É exposto.
Tudo claro como dois e dois são cinco, ou como de perto ninguém é normal, ou até igualzinho aos nossos ídolos ainda serem os mesmos.
Todas as histórias fazem sentido, já que de uma forma ou de outra, todos sentem alguma coisa quando dão de cara com os fatos, ou as fotos, ou os fatos e as fotos.
Você tem alguma pergunta a fazer?
Não?
Pode deixar que mesmo assim vou dizer que o fundo preto realça a luz das múltiplas cores que a asa pinta


Pintura de Lívia Jorge

sábado, 24 de março de 2012

Criado mudo


Uma churrasqueira chinesa.
Um buraco no meio da forma por onde passa a chama da boca do fogão.
A gralha encaixa-se em cima.
Qual a diferença que existe entre fazermos um peixe na grelha, ou o fazermos no forno?
O trabalhão que dá pra limpar a grelha com os grudes das postas.
Dá um trampo danado limpar as coisas.
Sujar é a coisa mais fácil do mundo, difícil mesmo é arranjar gente disposta a oferecer o seu tempo para a limpeza.
O sujeito achou que fazer limpeza era exterminar dezessete.
O que nós estaríamos dispostos a oferecer do nosso bem bom para promover o bem bom do outro, que normalmente encontra-se num mal ruim?
É difícil compartilhar.
Partilhar a mão esquerda e a direita, partilhar o emocional e o cognitivo.
O povo continua não entendendo o meu fiesta noventa e nove.
Continuam não entendendo o automóvel e não entendendo o fato que diz que eu adoro os seus mecanismos portais à mostra.
Adoro as suas pequenas batidas, riscos e trincas no vidro da frente.
O meu carro é a coisa mais inteligente que conheci desde que o encontrei.
Ele me dá aulas de matemática financeira e sobre a safadeza do mercado.
Entendam como quiserem.
Limpar a poeira da porta traseira deve ser como a japonesa que desenhou a atriz limpando o pó do seu gol vermelho.
Tira-se a poeira das áreas escuras da imagem e a figura aparece como por encantamento.
Busquemos pois tirar o pó do nosso porta malas.
Os assuntos sobre os quais me debruço são chatos e vivo tentando por em prática a filosofia anterior.
Venho tentando, com renovado esforço, limpar a mim, criado mudo

sexta-feira, 23 de março de 2012

Carta de intenções


Quinze torna-se um número bonito.
Os vínculos estreitos abraçam-se ainda mais.
Há uma regra da imagem moderna que mostra que o menos é mais.
As dobras num origami devem ser muito bem vincadas.
Você dobra o papel com os dedos e passa sobre a dobra, a unha.
Sua ansiedade não permite que mais as tenha?
Use a parte arredondada de uma tesoura, ou uma régua e aperte forte, vinque firme, mostre ao que veio.
Esse processo trará à luz uma peça, ou objeto, com facilidade total de dobragem.
Objetivo mais que isso não há, porém as pessoas insistem em dobrar apenas com as digitais.
O resultado é muito mais dificuldade em obter o resultado desejável.
Acabei de pensar que aí está a morte da charada.
O povo deseja um resultado meia boca, pobrezinho, meramente suficiente, qualquer coisa, tudo inho, enfim, a excelência tão propagada é uma farsa.
Fazei-nos - ó pai - pessoas menos farsantes.
Experimente ler uma carta de intenções de empresas de consultoria e você acabará sabendo como escrever um monte de coisas e não dizer coisa alguma.
Você está pensando que lendo os meus montes de coisas passará pela mesma experiência?
Ó pai, perdoai-me por não saber o que faço 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Símbolos


A coruja é o símbolo da sabedoria.
Essa coisa tão complexa de forma que requer simplicidade para compreendê-la.
Tenho comigo que a sabedoria é paciente.
Inteligência é a capacidade de raciocínio, ou seja, a capacidade de fazer ligações entre todas as informações que já possuímos para solucionar uma questão colocada em pauta.
A nossa emoção ultrapassa esse limite requintado, onde o sentimento nos coloca aptos a percepção.
Percebendo somos inclinados à ação que não pode ser chamada de concreta, afinal, toda ação pensada é abstrata até receber a contundência do fazer.
O nosso projeto inicial sofre mudanças.
Conosco parece ser sempre assim, uma constante metamorfose, constante mudança e transformação, afinal, o que acontecerá em instantes nos fará repensar, reavaliar e recompor as ideias.
As ideias vão acontecendo de variadas formas, concebidas e realizadas artisticamente, já que o artístico caminha conectado e abraçado com todas as formas de fazeres mais objetivos e triviais.
Os defensores acertaram em cheio o ninho da coruja.
O artístico deve ser assim, trivial, mesmo que todas essas questões pareçam ser complexas demais

quarta-feira, 21 de março de 2012

Equilírios


Hoje uma aula de arte é uma propositura composta de variados exercícios de leitura sobre as coisas do mundo.
É lindo isso.
Alguns alunos dotados de um arsenal poético privilegiado acham que deveria ser um livre exercício que compreenda variadas leituras desse mundo imenso.
Permaneço pensando na maioria e desta forma,  acho que esses exercícios ainda devem ser dirigidos e mediados, num processo dialético.
Ponto.
Ponto, vírgula, ponto e vírgula, crase, apóstrofo, exclamação, hífen, interrogação, reticências
Interroga-mo-nos a todo instante nessa tarefa de ler o mundo todo e ainda nos dispomos a interpretá-lo e expressá-lo de inúmeras formas e jeitos.
A tarefa da aula de redação era observar uma foto praiana e escrever um parágrafo usando recursos sensoriais diversos na descrição:
À beira mar ouvimos o sussurro lírico do mar calmo, acostumados que estamos a sentir à flor da pele a sensação doce da água gelada dos cocos, fotografando na alma a leveza desse amor cuja paisagem é o nosso próprio retrato, casado com a observação da multidão quieta.
A tarefa de redigir é bem menor do que o entusiasmo da professora em relação ao exercício.
Ontem, a moça da ofycyna, observou veementemente o meu entusiasmo com as mínimas coisas - e logo - à essa observação colaram-se lúdicas lágrimas.
Entusiasmar me faz cantar com a voz empostada o primeiro verso da canção do rappa: 
A minha arma está armada e apontada para a cara do sossego.
Mais desinteressante do que o sossego é a paz fragilizada dos folgados.
Um pássaro voando com rapidez demasiada atravessando o passo desses mais enlarguecidos faz a tranquilidade deles, afetar seu equilíbrio.
Equilibrar-se é muito bacana quando a corda bamba nos apoia os pés 

terça-feira, 20 de março de 2012

Feiura sustentada



Ouvi:
O que sustenta a beleza é aquilo que não se vê.
Genial expressão da arte.
Aquilo que não se vê é só uma coisa: Aquilo que não se vê, mas se sente, ou então aquilo que se pensa que se sente, ou ainda o que não existe de fato e de interpretação.
O invisível que o paul não admitia como coisa.
Lembra-se da frase que ele proferiu?
Eu não represento o invisível, eu torno visível.
Sim, parece-me que o invisível está implícito.
Não, não quer acreditar nisso?
Acha assim como sigmund, que o homem inventou deus por não suportar a ideia de sua finitude?
Eu acho a mistura de tudo isso, interessantíssima.
O ligare, o religare e o já está ligado faz tempo e o não está ligado de forma nenhuma, tá ligado?
O que me interessa é o instantâneo, talvez seja por isso que me lembrei do rosto belíssimo de meu pai no caixão e da minha mãe - e eu também tive a mesma necessidade interior - pedindo:
Fala comigo jorge!
O invisível está implícito.
O jorge fala comigo no retrato avermelhado e fala no meio da conversa telefônica no sonho da minha cunhada.
Minha anna diz que meu pai tinha esse mal costume de entrar falando no meio da ligação dos outros.
A ligação existe entre o finito e o infinito, entre a chama e a vela e a vela entre o barco e esse entre o centroavante plural.
No futebol o jorge tinha o codinome mestre. 
Ligações espontâneas e sustentadas pelo empírico, pela dialética e pela dicotomia.
O niilismo e o lirismo são parceiros da divina humanidade.
A beleza é sustentada pelo que não se vê e o que vemos é bonito pra caramba

segunda-feira, 19 de março de 2012

Bichosbonitos


Você acha que pode existir um homem bom e uma moça ruinzinha e o vice versa de tudo isso?
Ontem fiquei sabendo que existe um besouro do estrume e que ele faz a casa com uma bola feita com essa matéria interessante.
A casa dos ovos, onde nascem outros besourinhos que aprendem de cara, o ofício.
São seres que limpam o mundo.
Esse que já é pureza por sua própria natureza idiomática.
É bonito saber que a estética do mundo também foi bem pensada pelos gregos, sábios observadores.
Sorocaba fosse mais antiga e sairia daqui tal arquitetura pensamental.
Pensas-te em mim como figura sábia?
Ledo engano, meu caro.
Observei que o banheiro público da rodoviária dessa cidade é bem limpo.
Também é interessante observar que existe uma placa alertando que a gente está sendo filmada.
Gente é substantivo feminino e isso não é nem tão bom e nem tão mal, mas que a gente é filmada, não existe dúvida.
Encontrei o banheiro limpo e cheiroso.
O aroma das coisas e das pessoas tem muito em comum.
Ele nos rememoriza, nos aquece a lembrança, nos faz professores das histórias.
Tudo isso faz parte da nossa coleta sensorial e da existência do sexto sentido.
Tenho sentido com frequência a presença do santo espírito.
Não o sinto em aroma, mas em espécie e solidez de ação.
Agimos por força curiosa, da coisa bonita, da estranheza e da total precisão.
O besouro quando dorme, fazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

domingo, 18 de março de 2012

Dizendo


Dialogar com a experiência alheia.
Vai aguar bastante quando a gente ralar a batata.
Frite direto na frigideira sem colocar na água fervendo.
O recheio da gente se mistura no recheio do outro.
A experiência escolar nos diz que a lembrança que fica é a lembrança das relações.
É claro que a regra de três simples e a membrana citoplásmática ficaram, assim como o rio negro e o solimões.
Nem só de limões vive o homem.
É incrível como existem críticos de trocadilhos e eu os amo tanto.
Não desgosto dos críticos, mas nem deles mesmos, os que trocam os trilhos.
Metamorfose ambulante eu amo.
Um aluno me trará o roteiro de metamorfose do kafka e a gente vai colecionar imagens representativas e metafóricas para darmos sequência ao projeto filminho.
Eu também adoro colocar as minhas feitorias no diminutivo, não que eu as ache menores, mas é apenas porque gosto mesmo.
O gostar de gostar bastante deve emanar paciência e a paz pode estar sempre por um fio, assim como a ciência transforma tudo, sem nada criar do nada.
Eu me transformo em apresentador das coisas banais.
Assim como as chamo de banais, as bananas nem sempre refugiam-se em bananais.
Existe um cacho sobre a mesa e uma delas me diz:
Fique possesso da vida!
Eu digo a ela, num dizer colérico:

Paciência

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ouvindo os olhos da cara


Como é necessária a paciência, a docilidade e a calma em todas as situações.
Digo isso por conta das carências.
Precisamos todos de muita atenção, carinho e para isso eu posso ser todo feito de ouvidos, embora tenha predileção pelo falatório.
Adoro a expressão blá, blá blá, que tem uma conotação pejorativa.
Para mim tem um gosto de boniteza.
Blá blá blá.
Aprendi, faz tempo, que ouvir é tarefa importantíssima para um original debate.
Ando falando bastante, porém com uma percepção aguçada do ponto exato de parar para um respiro.
As pessoas têm pouca condição de assimilar muitas informações ao mesmo tempo.
Um aluno inteligentíssimo me disse para ir colocando passo a passo, as informações técnicas para a confecção de um produto, pois se eu falasse o processo todo de uma só vez, ao ouvir o último passo, ele já teria esquecido o primeiro.
Tenho feito assim desde então.
Passo a passo vamos não apenas sobrevivendo, mas vivendo intensamente os instantes.
Não a vivência dos contentes, mas a vivência ativa dos fazeres operacionais da transformação da mesmice em outra coisa.
Acabei de ouvir na transmissão de um jogo de futebol que um técnico tem o apelido de el loco, porém esse louco, é visto como alguém que inventa coisas diferentes do óbvio.
É importantíssimo saber ouvir e o mestre já havia dito:
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
E veja que as portas de entrada para a coleta sensorial, são múltiplas e é a partir dessa multiplicidade que vamos enriquecendo o nosso acervo poético

quarta-feira, 14 de março de 2012

Choracrescentando


Eu não represento o visível, eu torno visível.
Um pássaro que torna-se peixe e, de longe, pode até ser um búfalo em movimento.
O abstrato em inglês significa resumo.
O resumo dos contornos das coisas continuam as coisas em sua essência.
Pronto.
Um quadrado e um segmento de linha curva é algo que pressentimos.
Sentimos muito antes de decidirmos representar.
A reapresentação da coisa é um encantamento.
Duas mãos juntas e se mexendo, logo vira um pássaro voando no mesmo ar que respiramos, eu e você.
O outro respira também e conosco, num movimento contínuo das ideias que movimentam todos, numa vibração que transmite o som, o gosto e as ondulações de todas as coisas.
Um dado não ondula, mas adulamos suas somas dos lados opostos e adoramos o sete.
Numa pequena rua com carros estacionados nos dois lados, uma moça esperava um senhorzinho sair da sua vaga.
Fiquei cinco minutos esperando até ela conseguir estacionar, já que o senhor ficou no sai não sai.
O moço que toma conta dos carros no setor não acreditou que eu não dei nem uma mínima buzinadela.
Não amamos pelo extraordinário, pela numerologia, ou pelo mapa, mas amamos pela precisão emocional.
Precisão cirúrgica do espírito.
Choro emocionado, ao ver e ouvir os gritos das letras, chamando-me de longe

terça-feira, 13 de março de 2012

Menosquência


Facilitar é um verbo no infinitivo instante moderno.
A contemporaneidade requer facilitação nos fazeres cotidianos educacionais.
Como disse o filósofo na TV, a educação que também acontece na escola, mas com certeza, acontece no vivenciar e experenciar o mundo.
Coleta sensorial para um acervo poético muito mais interessante.
Interessa pra mim, que vivo de viver ansioso e maníaco por informação, sensibilidade, percepção e conhecimento.
Remando conta a maré a gente desenvolve os músculos.
Desenvolvermo-nos é sempre muito bom.
Tenho ouvido muitos professores de matemática dizerem que os alunos entendem o conceito, mas erram nas contas.
Erram porque não é permitido a eles o uso das máquinas calculadoras.
Facilitar é um verbo colocado no infinitivo e o infinito vem pedindo insistentemente para que a gente tenha as nossas ações facilitadas, como estivéssemos numa espécie de preparação para a tese do mundo acabar em barranco.
Como creio pouco, ou não creio nada, nessa história do fim do mundo e da gente nesse mundo, venho pensando que a proposição da facilitação, logo será aplicada em todos os níveis.
A existência das máquinas ainda permite que a gente pegue uma cinta e faça alongamento para as pernas, melhorando assim o nosso convívio com a osteopenia da L4.
A nossa coluna continua pensando e agindo numa velocidade infinitiva rumo ao infinito instante onde a lógica da descoberta, faz com que a gente use o que a gente inventa.
Faz com que a gente coloque na prática - tudo isso e aquilo - da forma que a gente interpreta


O termo menosquência foi inventado pela querida tia Bela e obviamente tem tudo a ver com o texto

segunda-feira, 12 de março de 2012

salva vidas


Meu...hoje é um dos dias mais felizes da minha vida mais do que feliz.
Entre o velho e o ser, envelhecer tornou-se antigo, já que de novo, o novo em mim é poder estar contigo.
Depois de ter lido num trabalho, a frase do paul klee, percebi que a primeira vez que a ouvi, a ouvi errado.
Portanto, agora posso dizer que a frase me tornou ainda mais íntimo do sujeito.
Explico:
A frase que o paul disse foi:
A arte não reproduz o invisível, ela torna visível.
Eu continuo achando a frase belíssima, porém, olha a forma com que a ouvi:
A arte não reproduz o visível, ela torna visível.
É outra coisa, claro, reproduzir e tornar, visível e invisível.
Não reproduzimos mais o que está aí, visto e revisto, nós tornamos visível, criamos, oferecemos o que antes não havia existido, ou sido visto da maneira que a nossa retina havia fotografado.
Claro, é compreensível o que o paul disse, mas tem um outro sentido da frase por mim audita.
Na visão do klee, não há algo que paira no ar e o artista vai lá, capta e a representa.
Muito bom também, mas é outra coisa.
No nosso tempo - tanto no meu como no do klee - a máquina retratista já existia e o fato da máquina representar com fidelidade extrema o visível, é isso que a mim mais interessa.
O que a ele mais interessava era a constância com que o povo pensava ser a arte coisa divina.
A ambos interessa que o artista vá além de representar o visível, já que essa nos parece a tarefa mais óbvia para os artistas plásticos clássicos e anteriores a máquina.
Enfim, ele estava pensando em alertar o povo sobre o fato da arte não ter um caráter sobrenatural e eu estou a pensar no que deve acontecer sobrenaturalmente, ou não, quando o artista perde o seu lugar de retratista da dita realidade.
Dirá você que as duas coisas são muitíssimo parecidas, porém para mim parecem duas coisas absolutamente diferentes e encantei-me com o fato de poder dizer que um problema auditivo salvou-me a vida, ou pelo menos deu um novo sentido à minha existência.
Ainda hoje, quando a maioria das pessoas observa um trabalho abstrato a primeira pergunta que vem à cabeça é:
O que é isso?
A arte continua tornando visível, apesar da compreensão de que pensar dói e que quase ninguém gosta de andar dolorido

sábado, 10 de março de 2012

Máximas


Máximas trocas.
Compartilhar o novo e o mais antigo.
O teclado sem letras visíveis era um motivador para o meu comportamento lúdico.
Exigia de mim uma memória sensorial, afinal, nunca frequentei um curso de datilografia.
A troca do teclado me fez lembrar que o tio colocou o tecladístico tocador dele no duzentos e vinte.
Queimou a placa.
Antes eu queimava a pestana para não errar, tocando o dedo no i e não no o.
Agora as letras todas estão aqui, ao meu alcance, ao alcance dos meus olhos.
Ficou mais fácil, mas agora devo arranjar urgentemente alguma coisa pra não perder o jogo.
O jogo eterno que nos faz ultrapassar o limite da facilidade.
Pronto, achei.
Olhei para o teclado novo e dei de cara com o meu anel de prata.
Poderia ter um enfeite de madeira em folhas, machetado, mas o tem em borracha preta.
O choque entre o preto novo do plástico e o preto mais antigo da borracha, me remete ao fato do contraste acontecer no brilhante sobre o opaco.
A borracha brilha entre as letras.
O b da borboleta, o o do ornitorrinco, os dois erres do errar de vez em quando, o a da arara azul, o c da chama acesa, o h do meu humberto e um novo e bonito a, acha de achar em tudo. uma graça nova no meu antigo hábito de perpetuar as descobertas

Constante


Uma poça na calçada e o pedacinho da barra está molhado.
Saliva doce, logo após o saboreio de um doce achocolatado, saboreado na base de deixar derreter primeiro, o chocolate.
Um professor de literatura inglesa torna-se agente da sua própria segurança e da segurança da sua esposa.
Da janela do ônibus intermunicipal vejo a marca SHARK com a silhueta de um tubarão horizontalizada sobre as duas primeiras letras.
A marca toda em azul marinho.
As letras e o tubarão.
Escrevi no saquinho do amendoim japonês:
Tudo relaciona-se com alguma coisa, só nos resta o trabalho e a vontade de observarmos bem de perto para compartilharmos tudo isso, no debate ou na expressão direta.
O tubarão e a sua grafia em inglês representadas em azul marinho faz sentido.
Se vermelho fosse, provavelmente alguém na praia já teria sido atingido pelos dentes demolidores do bicho.
Um campo de girassóis alertou os olhos do menino para as outras cenas belíssimas do filme difícil, eu porém, fui alertado pelas minhas pálpebras cansadas, que o tempo de cada cena durou a vida inteira mais três meses.
A história?
Que história?
Essa que venho contando com o apoio de vocês, que relacionam os verbetes expressados com aquilo que cada um traz na consequência, embora seja melhor a expressão, na sequência, já que o prefixo con, significa em conjunto.
Em conjunto cada um toca e se toca de uma forma, interpreta à sua maneira, não necessitando uma uniformidade constante, já que a diversidade é que consta.
Para nós, quem conta um conto - aumenta no seu acervo poético - muito mais do que apenas um ponto

quinta-feira, 8 de março de 2012

Leitor


O artista é um leitor por excelência.
Acabei de escrever isso no cabeçalho de uma avaliação discursiva.
Acho que a porta de entrada são os olhos, a visão, porém é óbvio que não excluo a audição, a olfação, o tato e o paladar, como outras portas de entrada do ofício.
Adoro alho, temperar com alho, a forma do alho, a casca do alho, o molho de alho na padaria, o macarrão alho e óleo e olha que o alho é o princípio feminino de olho, ora.
Que horas são essas?
O que são issos, se não o plural de coelhos que são feitos de tal maneira que nem dá tempo de contá-los?
Coelhos caolhos olham pro alho como quem olha pros cascalhos.
Chão de pedra que o cotovelo rasga, ou apenas esgarça.
Há que sermos pegos pelo áspero do desassossego, já que não cegos, andamos a ver as coisas pelo seu íntimo e pelas suas estranhas entranhas.
Disse eu a respeito do sucesso que é, quem dos lenços dispõe, já que eles jamais esquentaram as caixas.
Estavam todos aqui e ali, onde os raros devem estar.
Estão todos confortáveis nos catálogos e nas meninas.
A excelência existe nos excelentes em alguma coisa, que sempre são diferentes entre si e entre seus olhos e olhares.
Se olhares direito, verás que o esquerdo é o verso da medalha e que essa é o inverso da moeda, que é apenas um pedaço do produto resultante entre o parar de olhar, multiplicado pelo começar a enxergar bastante

quarta-feira, 7 de março de 2012

Meta os pés pelas mãos


Metáforas.
Como é bonito esse brinquedo.
Um fusquinha de borracha que o filhinho ganhou com poucos dias de vida.
Um lenço fusquêtico, laranja, de um alaranjado sagrado, onde a oração é bonita como um terço de espírito somado a dois de alma.
Um adesivo bailarínico que transita móvel pela capa do computador que equaciona o movimento.
Restos que se aninham no plano, com a cola master grudando as cores na beleza natural do objeto.
A natureza do objeto é ser manipulado pelo homem.
A manufaturação fatura horrores quando se encaminha a coisa para o comércio e para o enriquecimento lícito.
Há quem não goste do dinheiro, eu já acho as novas notas bonitas pra dedéu, assim como foi para o beleléu as minhas notas todas, escritas em papel de pão com uma moeda velha em cima.
Costumo anotar nessas folhas, as notas que dizem sobre as árvores.
Algumas delas foram chamuscadas pelo pequeno incêndio no terreno aqui em frente.
As aves diziam todas as notas sobre os galhos verdolentos.
Agora assustaram-se e foram pra longe, lá onde o vento faz a curva.
Curvo-me ao fato de divertir-me muito.
Metaforicamente meus pés doeram um pouco devido à ansiedade que me curva o dedão.
Metaeuforicamente eu me deito e sonho um acordar lindíssimo, onde o acordo é que eu acorde no meio de um acorde consonante.
Consequentemente escrevo duas palavras e logo às duas, o despertador me toca

terça-feira, 6 de março de 2012

Solidez


A inteligência é a leitura do íntimo.
Ler em profundidade até a sequência da lava do vulcão no filme candidato à estatueta.
A casa dentro d'água donde sai o menininho, pela porta submersa.
Líquidos como o café que está descansando na xícara.
Liquefeita como a lágrima que escorrerá sobre o meu rosto.
Outras anteriormente já chorei e até chorei bastante.
Basicamente choro de emoção, de sentir como se sente a pequena alergia no contato do papelão com a pele.
O barbante entra pelos dois furinhos - um em cada placa - e atraca uma peça na outra.
Não há necessidade de cola, ou grude, apenas amarração.
Um rolo de durex aproxima-se do grampeador e daqui eu vejo os papéis grampeados.
O carnê e o recibo de pagamento.
O telefone fixo está bem próximo do móvel, do móvel telefone e do móvel que o suporta.
Nós estamos próximos, bem próximos.
No íntimo, no instante do toque e no toc toc que rasteja sobre a porta.
A madeira dos palitos de sorvete foram pintadas de preto e realçam a luz da luminária.
Que a luz da gente possa aproximar-se da luz de todos e que todos possam se sensibilizar com o fato dessa fala ser impossível.
Impassível não ficamos.
Caminhamos rígidos na ansiedade que nos aflige e grita.
Impossíveis, possibilitamos a experenciação com a estranheza.
É estranho como uma careta pode fazer um povo rir e eu rio.
Sou um povo que ainda se espanta e somos mais do que eu e você.
Somos um povo que ainda anda perturbando a rotina e as retinas, vislumbrando um problema e imaginando uma solução liquefeita, ou de solidez rarefeita, feita e rara

segunda-feira, 5 de março de 2012

à moda


A teoria na prática é outra?
O meu amigo porteiro me mostrou a capa da revista que traz o aluno de escola pública que passou no vestibular, sendo o melhor colocado.
Grande sujeito esse, sujeito cheio de predicados.
Como ele, alguns outros seres estudantis, são bem sucedidos nesses exames.
Um menino que eu conheço costurou uma folha com um capim bem fininho e fez obra de arte.
Outra garota que eu conheço, que hoje é mãe de filho e professora, quando eu coloquei um violão em pé, no centro da sala e perguntei o que era aquilo, ela prontamente respondeu:
Essa é a poesia do objeto.
No dia seguinte eu já desfilava com uma camiseta verde, com a frase estampada com essas letras.
Há poesia em tudo, resta-nos a observância.
Essa tal inteligência é um dragão de sete, ou mais cabeças.
Hoje, novamente uma aluna expressou-se com a frase:
Professador, você que é mega inteligente, pode me explicar o que significa o filme a árvore da vida?
Dei minha humilde interpretação, mas baixei o porrete na quantidade de minutos que aquela lava ficou escorrendo pela tela, salpicando nossas retinas e cérebro.
Sobre o dinossauro a gente deixa pra falar depois, bem depois, pra ver se a gente esquece que teve que passar por aquilo.
O filme serviu bem pra que eu continue exagerando nas metáforas, afinal se ele pode eu também posso e todo mundo também pode.
O gato guerreiro continua guardado numa cesta de vime na casa dos meus filhos.
Lá também estão a she-ra, o he-men, o mentor e todo o resto da coleção de bonecos e castelos.
Menos aquele estranho - que num aperto de costas - soltava a língua.
O único álbum de figurinhas que consegui completar foi os três patetas no oeste.
Colava os cromos com cola de farinha e apagava os cadernos com miolo de pão.
Que álbum bonito, aquele que trazia os selos.
Acho que o nome era magiar posta, mas a minha memória, assim como a minha inteligência, muitas vezes está  muito aquém daquilo que as vezes transparece.
A memória é bonita, é biita e é bacana, embora memorizar esteja meio demodê, ou fora de moda mesmo

domingo, 4 de março de 2012

Olhos e molhos


Vovó enrolou brigadeiros e colocou nas forminhas azuis.
Procurou um papel também azul, porém acabou encontrando apenas um vermelho e preto.
Usou esse mesmo, preto e vermelho.
Vovó mencionou que o ganhador do presente talvez nem preste atenção nesse detalhe.
Disse que é ela que se preocupa com a estética da coisa.
Eu tenho certeza que é quase sempre assim.
Nós é que nos preocupamos com tudo o que nos interessa, nos diz alguma coisa e nos enche de alegria e graça.
Existe uma graça imensa nesse prazer que nos dá em ver o outro feliz.
Feliz no doce e feliz no adorno.
No fundo as coisas dentro da caixa de papelão, moram ali por nossa causa.
Nós fazemos questão de guardar algo que nos traga à lembrança algum sonho, ou causa.
Um pedaço de papel com uma senha, mostra-nos o sabor do salmão compartilhado.
Um número importante na importância do encontro.
O símbolo representa, apresentando de novo aquilo que o cérebro guarda a favor da emoção.
Quando alguém passa desse estágio para um posterior, normalmente as pessoas dizem:
Meus sentimentos!
Sentimos muito e é isso que nos orienta os movimentos.
As pessoas impressionam-se com as pinturas que retratam rostos de pessoas, por conta de parecer que o sujeito as olha sob todas as perspectivas.
Impressiona, porém, o que mais nos impressiona é a capacidade que todos nós temos de nos transformarmos em caixas.
Acabo de achar no fundo de uma, um pedacinho de papel manchado com molho japonês.
Duas pequenas manchas circulares.
Esses recados não param de olhar e orar por nós

sábado, 3 de março de 2012

Encontros


Ganhamos duas mini aquarelas.
Dois mini estojos.
Um folder mostrando a coleção de pinturas.
Dois encontros - realizados de surpresa - onde nós ganhamos muito mais do que os encontrados.
Um aconteceu numa galeria e o outro numa loja de brinquedos.
Brincadeira da galera.
Uma multiplicidade de cores que reflete a amizade e a energia trocada entre as partes.
Uma série de imagens iguais, sobrepostas, justapostas, em contato com a outra e mais  a outra e mais uma ainda, gerando paredes de rara beleza.
Um brinquedo de madeira, dois pés - um estático e o outro com movimento pendular - fazem um bicho descer a rampinha de madeira.
Uma borrachinha preta prende um grilo prendedor de roupa na mesinha.
Instantes depois ele salta.
Um pulo ligeiro entre um encontro e o outro.
Encontrarmos interesse em muitas coisas nos ajuda a termos ideias mais contundentes.
Começo a fazer minha coleta de pedaços de papelão.
Ao contrário de recortar janelas com estiletes, usarei as figuras do recorte para colá-las todas, justapondo-as, sobrepondo-as e ampliando o seu tamanho original para que quase não caiba no espaço adequado.
Eu havia feito um protótipo dessa coisa há muito tempo atrás.
Hoje a surpresa me surpreendeu com a lembrança.
Vou chamar o povo pra dançar comigo a dança do povo que não é todo mundo.
Tudo é apenas uma parte da tampinha, que esconde as cores, no estojinho 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ando mudando pro mesmo lugar


É necessária uma mudança radical.
Ouvimos dizer que o dinheiro não pode ser o senhor de todas as coisas, mas o dinheiro é o senhor de todas as coisas.
Seria necessária uma mudança radical, ou é urgente uma mudança radical.
Eu li na revista publicada por uma farmácia, que o menino adorava estudar ciências sozinho.
Lia sobre tudo, era curioso, enfim, um sujeito que gostava muito de aprender, porém quando entrou na escola, tudo mudou, tudo perdeu o brilho.
A ideia contemporânea mostra que a escola é um lugar que apresenta os conteúdos das disciplinas de forma antiquada, clássica e tradicional. 
Os que professam, endeusam os seus conhecimentos prévios e os transmitem de forma tediosa e cansativa.
O que fazer quando o resultado de todo esse processo de ensino/aprendizagem é medido através de uma única prova, definidora e definitiva?
Por mais que as notícias digam o contrário, esse exame não mudou na essência.
Testes de múltipla escolha e algumas questões discursivas, onde quem se preparou mais, estudando muito, lendo muitas apostilas, exercitando memória e raciocínio, deixando muitas baladas e outras diversões de lado, é que tem o melhor resultado.
Quero dizer que o menino da história é um sujeito que quer muito, que deseja, que almeja, que tem gana e curiosidade para estabelecer comparações entre todas as informações que ele alcança.
A outra parte das pessoas que recebem as informações por todos os meios, inclusive na escola, têm problemas de déficit de atenção, têm hiperatividade, têm preguiça, fobias, impaciência e algumas outras enfermidades que os impedem de ter uma relação mais concentrada nas atividades, até mesmo naquelas mais lúdicas e participativas no âmbito social.
O segredo talvez esteja na mudança da preparação dos profissionais da educação, para que tenham um maior contato com a área da saúde, no seu âmbito corporal, psíquico e espiritual, além dos conhecimentos específicos da sua disciplina, ou matéria, ou qualquer outro nome que hoje essa coisa tenha.
A preparação espiritual deve ser importantíssima, pois me parece inevitável que os profissionais do professar,  devem nutrir no seu íntimo muita paz, paciência e uma dose extra da prática da filosofia da não violência.
Num mundo onde o dinheiro é o senhor de todas as coisas, há que se mudar esse processo radicalmente, indo muito além das pequenas histórias que nos são apresentadas em doses homeopáticas, na promessa que teremos uma situação diferente dessa brutal realidade.
Há uma mudança radical e eu começo dizendo: Bom dia, boa tarde, boa noite