sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Salada na mesa


Uma mesa farta, as vezes até duas, ou três.
Eu gosto de cortar as coisas para temperar o arroz, o feijão e também gosto de fatiar o tender bem fininho.
Gosto de cozinha, de vez em quando.
Adoro lavar, mas aprendi a deixar a louça para a Nossa Senhora secar.
O escorredor, um dos instrumentos que ela toca.
Gosto do nome e da coisa - escorredor.
Vez por outra penso nas gotículas d'água escorrendo, sem que ninguém esteja fotografando o processo.
Quantas coisas acontecem, sem que praticamente ninguém dê conta.
Dar conta é o que mais se dá nesses tempos regidos pelo capital, de tal forma e maneira, que nem bem iniciamos o ano e já temos muitas a pagar.
Recebamos pois, a tarefa de nos determos mais nos detalhes bonitos das coisas que são  todas: os detalhesinhos das canções, dos toques, dos tanques, dos repiques e das borboletas que saem com frequência do armário de mantimentos, onde está o saquinho de um quilo de feijão preto, brotando.
Uma festa para os sentidos.
Acho que não faz muito sentido, um dia reservado para a passagem de um ano inteiro.
Para ser inteiro, um ano precisa ser o que é, um passageiro da nave que navega uma vida inteira.
Antes disso tudo ser bonito, isso é bem parecido com aquilo, desde que isso e aquilo, tenham o mesmo frescor e o perfume de uma colorida salada de frutas, disposta na mesa, disposta a oferecer-se a todos com a mesma doçura e encanto