quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O quarto


Olha o terço aqui de novo.
Nova forma de olhar o sujeito que entrou no meu automóvel para tentar uma ligação direta.
Ele deve ter olhado o terço pendurado no espelho e se viu, sem forças para levar o meu meio de transporte, que  hoje me leva para as escolas e meus serviços.
Quebrou a peça que move os faróis, porem quando fui trocá-la no auto elétrico, o moço consertador, mostrou-me a beleza da borboleta conjugada ao chão.
Essa força deve ser muito parecida com essa outra que me fez terminar duas telas numa tacada só.
Pensei em começar pela estrelícia detalhada e assim o fiz.
Pensei em parar por ali, mas não consegui estancar a força que levava os meus olhos para as marcas do pincel nas tintas espalhadas sobre o linho branco.
Antes de tudo isso começar - logo de manhãzinha - eu acordei pensando na definição impossível da arte.
Arte é manifestação humana.
É a nossa reexpressão de qualquer coisa através do grafismo, do pictórico, da modelagem, do movimento, do gesto, dos sons, e de outras coisinhas que interpretam nessas práticas, as coisas que passeiam dentro e fora da gente.
É sabido que existem substâncias de fora, que quando incorporadas, realçam a observação humana dessas coisas.
Desde sempre, tive a certeza que - para mim - a incorporação dessas substâncias seria a interrupção das minhas expressões nativas, fluidas e altamente prazerosas.
Um prazer careta, de um prazer solitário e egoísta.
E é assim que é e vem sendo.
Rio e vibro a toa com a minha mão ouvindo o que a superfície suporta.
Eu, você e as ferramentas nos damos muito bem, nos motivamos e passamos a contar a história que não é soprada nos ouvidos