domingo, 18 de dezembro de 2011

Amor à louça


Isso é mais do que sabido.
Fazer pratos com amor faz com que o seu sabor tenha uma inevitável verosimilhança com sua imagem bela e doce.
O lagarto frito, agora cozinha na pressão.
Sem pressão alguma, as partes vão se mutando para caminhos ainda mais saborosos, de maneira que a poesia dos instantes, desenhe e pinte na louça - antes branquinha - arabescos simbólicos relativos ao espírito mágico dessas coisas.
O colli disse no livro - o que é arte?:
Eu não poderia escrever esse livro sobre o conceito da arte, senão a partir dos produtos dos artistas.
Da mesma maneira, os atos amorosos não são o amor exatamente.
Eles são produtos desse caráter que mora na profundeza dos seres que são vivos e na      vivência, amam.
A mesa está posta e sempre enfeitada com essas coisas bonitas que vêm dos dispostos a disporem do seu tempo e das suas coisas, arranjando-as de forma lúdica e metamorfa.
Eu prefiro ser essa esquicitice ambulante, do que não reparar que a superfície da direção do automóvel é desgastada ao longo de um vasto espaço de tempo.
Um tempo que é dividido em instantes, todos eles preenchidos com leves toques das mãos roçando sutilmente a superfície.
O toque amoroso não desgasta e nem precisa - no futuro - de uma capa, que tenha a pretenção de proteger alguma coisa que o depertença