segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Pedagogicamente assim


A pedagogia do esquecimento.
Informa-mo-nos e esquecemos rapidamente aquilo que passa e passa num instante.
Instantâneo.
Agimos no instante brevemente posterior à informação.
Reagimos à ela num zás.
O zás que vai tornando-se esquecimento sublime, de tão guardado no fundo que fica.
Todas as informações são guardadas na máquina computadorizada - cabendo num chip - item por item.
A nossa máquina cerebral esquece.
Guarda e esquece.
O esquecer é essencial para que possamos seguir fazendo e acontecendo a partir de alguma coisa boa, alguma coisa que tenha uma beleza, uma superfície bonita.
Aquilo que se lembra vindo do bem fundo, pode gerar insegurança, tristeza, feiura.
Lembramos por pirraça, por înveja, ciúme, agredindo as coisas da gente, impulsionando os sentidos para agredir o que é do outro.
Esquecer faz sentido, mesmo que pareça politicamente incorreto.
Com certeza, os espertalhões contam com o esquecimento da gente para tirarem proveito de todas as situações que lhes possam gerar renda.
O fazer os pontos da rendeira é instintivo, muito mais do que lembrança, já que ela vai pontuando como aprendeu a andar com bicicleta.
Os espertalhões contam com o esquecimento.
Eu me esqueço no presente, me esqueço no instante, esqueço-me egoista.
Dizem que as coisas guardadas aparecem em forma de doenças e de protuberâncias na pele e nos órgãos.
Dizem, pesquisam, lembram e para não esquecerem, publicam.
Também publicam para que a gente se lembre e possa explorar num momento de inspiração falante.
O dizer é a pedagogia do zás, fazedora e acontecitória.
Quero me esquecer assim, vendo além da janela da parede monetária, enxergando além das coisas que as nuvens mostram, olhando para a história contada pela sua pele, esquecendo-me mais velho e mais moço, esquecendo-me no desenho da minha camiseta que hoje é minhoca pisada e amanhã será paralelepípedo