domingo, 27 de novembro de 2011

O pano vive e reina


Acabo de enrolar um tecido pintado com as cores das fábulas.
O desenrolar do pano vai trazer a chance de novas figuras saltarem do seu silêncio predisposto.
Não nos vemos ainda, já que vejo apenas o verso do tecido em reviravolta cilíndrica.
Sem pressa, a caneta fará a parte dos contornos pretos.
Vou guiar a minha mão abrindo caminho para a passagem das coisas.
Um canal de seiva densa e bruta, já que leva o sangue original de cada peça.
Não saberei jamais como se dá esse processo de surgimento dos seres, que agora tornam-se representados, mas isso é apenas curioso e eu julgo menos importante.
O que importa mesmo é a exportação dos seres.
A partir do instante que aprecem em detalhes e contornos, serão para sempre lembrados, vivendo nesse novo plano.
Meu plano é que o vagaroso desenrolar do rolo, produza um resultado final com harmonia entre as partes.
Quiçá possamos também nós, sermos muito equilibrados nessa composição terrestre, onde nos dispomos com bermudas, calças, vestidos, meias sortidas, túnicas, sapatos, dorsos dos pés, agasalhos, camisetas sem mangas, corações arpoados, mentes brilhantes e doação permanente.
Uma multidão de diferentes, respeitando o espaço justaposto, onde cabe o um e cabe o outro