sábado, 26 de novembro de 2011

A nuvem doura


De vez em quando observo as nuvens.
Na estrada elas adquirem movimento e vão transmutando as figuras que nelas enxergo.
Tenho olhado manchas coloridas, postas na realidade prática por uma figura de beleza fantástica, que trava a batalha pictórica - ela e o tecido - vencendo-se definidora do próprio encanto.
Eu, oficineiro tracista, o que faço a partir dessas formas é apenas deixar aflorar as figuras com os traços pretos feitos à leves penas.
O que fico a pensar curioso, é no desejo que essas figuras têm de aparecer com aquela determinada forma e posição.
Onde estavam antes da maestrina propor as manchas?
Curiosidade minha.
Você vai me dizer que elas estavam no meu cérebro desde sempre.
Dir-te-ei que não.
As sedutoras manchas é que guardam as figuras, uma a uma.
A maioria delas são seres vivos dos reinos, vegetal e animal.
As linhas são como suas vértebras, suas ranhuras e suas menbranas, guardadas por um tempo, até transparecerem para esse mundo visível, o nosso.
A coisa se passa assim, simples encantamento que encanta as figuras nominadas.
Redescoberta da roda, que vez por outra, aparece na mancha.
Corações são compostos pela tinta que doura