quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Coelhos e cartolas

Uma folha de papel totalmente preenchida com texturas diversas, grafadas pelo atrito do grafite com chão, parede, muretas, pastilhas, moedas e outras coisinhas mais.
Sobre essa nova superfície impressa no papel, desenhamos e colorimos com uma camada suave da matéira do lápis de cor.
Quanta informação pode guardar uma superfície áspera?
Saltar aos olhos as figuras decorrentes dessa impregnação, depende de uma região específica do cérebro.
Parece que foi assim que o senhor Michelangelo já previa a figura dentro do bloco de mármore.
Antevendo a figura, ele apenas retirava da pedra aquilo que restava e sobrava a peça.
Já o menino de Vince, via as figuras saltando das manchas de bolor nas paredes e nós,  pertencentes a essa vida bem vivida, vemos figurar as coisas nas densas nuvens que vagam  pelo céu que nos cobre.
Dar o mínimo de atenção para quem não tem nenhuma, já ajuda bastante na providência de um sorriso, durante o dobrar das folhas quadradas que almejam ser um sólido estrelado.
Estrelar a solidez de um sistema líquefeito não é tarefa simples.
Dar um pouco de atenção, já que de atenção dependemos todos, inclusive nós, que atentamos tanto para essas coisas de pouca importância.
Acabei de ver um documentário sobre a pedagogia do oprimido e sua vinculação estreita com a solidariedade, bondade e dedicação ao outro.
O conhecimento depende da necessidade e a necessidade desse sistema quadradinho que nos enquadra, é muito distante da união e muito mais próxima da individualização, do cada um no seu quadrado.
Olho bem de perto a questão estudada e vejo que devo colocar as mão no ombro daquele que olha pro céu e vê um coelho, bem perto da cartola