quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Bem hoje


Bem hoje e a pouco lembrei-me de uma notícia particular dita na manhã de ontem.
Ela dizia sobre a morte de uma aluna que estava frequentando o primeiro ano do curso feito na faculdade onde sempre desejou estudar.
O coração.
O coração da menina e o da questão.
Fomos desenhar com flores, eu e minha mãe, um coração sobre a grama que hoje cobre a história do nosso pai.
O do pai já havia feito surpresa ao parar de bater ao lado dela.
O coração e a sua beleza.
Os desenhos tenho guardado, assim como no coração do cérebro guardo as canções líricas em inglês e os textos allan poe, ficção fixada no crer das coisas.
Todos os traços tensos não tensionavam as figuras ditas nos rostos e corpos femininos.
O coração e sempre ele.
O nosso pai já respirava com surpresa quando já respirava novos ares no seu lirismo gracioso.
Bem hoje onde a vida marca presença, me lembro da notícia surpreendente.
A surpresa da morte faz.
O fazer transforma a nossa marca e marca-nos a testa e a fonte.
Façamos pois desse, o momento da corrida que começa na letra cê e espelha-se.
O resultado é um coração só, que não esquece.
Um só coração que alcança viver de dança e dança no viver dos nossos pés e dos nossos braços lembradores


Uma ilustração de Luisa Blascovi

Angélicos


Hoje é dia de celebrar a festa da vida que insiste.
Seu codinome morte, também resiste quando é chamada em plena existência vital.
A morte apelidada no erro, no tropeço, no dedão do pé inchado e no desrespeito a todos os outros que não nos são tão caros.
Existe dificuldade em seguir vivendo satisfazendo aquilo, que tantos outros que estão fora de mim necessitam.
Quando a nossa necessidade não é tão grande assim, a gente pode e deve viver observando reviver na surpresa daqueles que não somos nós mesmos.
Só podemos fazer surpresa para que não é a gente mesmo e assim, muitas vezes, somos surpreendidos.
Surpreendemos quando a nossa vida é um detalhe importante, abraçado à vida do outro.
O nosso abraço fortíssimo nos mostrou uma vida toda de aproximação, carinho e afeto, que estava andando essencialmente junto com os nossos dias, os lindos e os não tão lindos tanto.
Carregados somos com uma energia que assemelha-se àquela da rosa, do jasmim, das folhas, da ovelha e das garças.
Hoje é dia de celebrarmos aquela vida que é essa, é bonita e é também essa, que ainda será mais vida em abundância.
Inspiramos, expiramos e - relaxados na dor - respiramos levitando, na eterna conversa com os anjos