domingo, 23 de outubro de 2011

Noel


E a menininha disse ao pai, moço simples de falar bem mais simples ainda:
Não minta, me dizendo que papai noel não existe!
As coisas existem e insistem na nossa cabeça memorial.
Eu falava sobre análise psicológica e a sua aptidão para tal empreitada e a ideia já havia, calcificada em ti.
Havia por um cálcio independente, maleável, moldado pelo tempo da experiência.
Depois de tantos anos, só no ano passado tive a visão da psicanálise como a cura pela fala.
Escutemos pois.
Acho crível escutar pelos olhos, afinal os visuais enxergam a história interna das coisas.
A historieta da maçã dentro da cesta de frutas, que passou pela macieira e pelo chão coberto de folhas, muito antes de alcançar a mão do atravessador.
A banca da feira conta, sem rodeios, que a moça sem dinheiro alcançou a fruta, antes de levar a mão ao bolso.
Suas mãos - bem antes - haviam acariciado a própria barriga, essa muda dependência de gêmeos.
A fala imagética dos monitores já nem impressionam mais, tal a veracidade dos fatos e suas violências explícitas, na carne dos fatos.
Viagem artística?
Apenas mais uma contemplação da ideia que alia percepções até encontrar mais equilíbrio.
Penso que viemos pra cá pra manejarmos nossas ações de múltiplos sentidos no sentido de acareciarmos esse efêmero equilibrar dos nossos pratos.
Os pratos dos outros nos interessam por demais e é dessa forma que formatas a confecção de uma imensa escultura em movimento.
Aquela que movimenta-se pelo assentar do outro e de si mesma.
Um acentuar de vida, na vida que é tão bonita de ser sentida, sonhada e energizada de raciocínio.
Um semear seu, que espera e almeja ver maçãs.
Uma voracidade, uma vontade e a capacidade de ver além da casca.
Esse poder que tens de não desacreditar de um noel que é a mescla do pai com seu espírito