sábado, 15 de outubro de 2011

Ordem alfabética


Um som ligeiro.
Desses que nos pega na repetição do compasso.
Nos faz e fez - fez e faz - dormir docemente.
Até se sonha com esse embalar sonoro, sonador e delicado.
Não ouço vozes - eu vejo vozes nas coisas.
Vejos em todas as coisas e pessoas.
Essas são mais fáceis de ouvirmos de perto, embora, muitas vezes nos coloquemos longe demais para o escute.
Pessoas falam até pelos cotovelos, quem dirá o que falam pelas bocas?
A escolha do repertório tem sido bem mais desastroza do que o preferível, porém é um repertório passível de mudança, uma possível lapidação pétrea córporo espiritual.
Reporto-me ao instante anterior, para fazer melhor - todo posterior encontro.
Encontro na voz das coisas, motivos para encantar-me ainda mais com a voz da gente.
Gente é um lugar propício para a reverberação sonora - não sonífera.
Gente é caixa de som sonhadora, além do sono.
Sonhemos pois, com o nosso compasso repetitivo, que visa embalar o território do bem.
Dizem-me os ricos mais aflitos, que essa história de território do bem é coisa muito piegas.
O que achas tu?
Eu procuro revolver a minha terra pra misturar melhor com a tua, pobre cidadã tão rica.
Mais cedo, o som chegará nos meus tímpamos e mais sins me sonorizarão o peito.
Um som maior, com mais sins do que nãos.
Mais rins e mais mãos, doando mais do que filtrando.
Um zunido atemporal, de origem misteriosa, tem nos revertido sempre para o encontro.
Existe disposição nesse sentido, somando-se os outros cinco e nos carregando de volta, a pilha.
É nossa, a pilha que move a batida fazendo soar outra beleza.
A partir desse delicado toque, essa estética ética, ordena uma sempre nova - desordem alfabética.