segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Lavamos roupa todo dia

É claro que tinha que ser a branca.
Todos nós devemos passar - vez por outra - por situações delicadas, mas isso não significa passar por saias justas, injustas.
Passarmos por isso significa colocar delicadeza nas situações complexas, já que nas simples é muito mais preciso.
A suavidade da veste branca que tremula amassadinha sobre o corpo, revela a significância da sua sutil inteligência.
Passarmos compreende aprendermos.
Não precisamos estar todo tempo nessa chuva de fogos de artifício, mas quando o ofício da arte necessitar de transpassadores, transpassaremos.
Esse é um corte que cola a ponta com a ponta.
Circula, círculando entre os avessos e os direitos, proclamando a eficiência do esquerdo.
Guardamos e doamos, pelo esquerdo cárdio exemplar.
Atravessamos a chuva fina e observamos a nossa nascente.
O brilho do sol nas polidas portas do armário, nos motra claramente os dois objetos que flutuam sobre o encantamento da madeira simulada.
Pairam suaves os dois objetos próximos - verdadeiros.
A essência do encantarmo-nos com essas coisas, está em nos sabermos não únicos nessa observação, que inclui tudo o que parece com o ser das coisas.
Não somos únicos, mas simplesmente semelhantes aos poucos que revelam-se.
É claro que é o branco.
Estás vestida com os tecidos estampados pela fé, enquanto passeias pela corredeira delicada.
Ao largo, eu caminho aprendendo com as ondas das suas vestes.
O vento que provoca o movimento sublime e límpido, traz a areia e a água.
Essa argila aparecida modela nossos sonhos verdes, trazendo o sabor da folha preparada para os desenhos expostos no nosso varal.
Nossas roupas penduradas não carecem de prendedores