quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Fio de corte e cola


Um garotinho estava com o pai no carro da família.
O automóvel parou no sinal, ao lado do espaço onde havia a demolição de uma casa.
O menino de olhos atentos e coração mundo, falou ao pai:
Papai, estão construindo um terreno.
A moça que ouviu essa história, contada pela boca de uma amiga, disse que logo pensou em mim.
Será que isso deve-se a eu ter acabado de ler um livro que fala sobre a necessidade de alimentarmos sempre o menino que há em nós, para o rejuvenescimento da alma e do coração?
Esse filho está construindo o seu terreno com fertilidade latente.
Caminho com meu carro sobre a avenida que mostra a vitória do fio contra a árvore grande.
A frondosa foi cortada aos tocos, de topo.
O antigo dando lugar ao novo nem sempre é uma dádiva histórica.
No caso do menino amadurecido pelo verso, ele mostra que tem a cara e a coroa.
O humano que há em nós deve subverter-se.
Verter-se em esquisitices alimentadoras, tal qual o presente de leite que ganhei da filha, cuja marca é simplesmente: Esquisitices da Vila.
Incrível essa capacidade que temos de adocicar as nossas vidas e as nossas vilas com novas histórias.
Antigamente a gente era gente pelo coração e novamente isso insiste.
O antigo e o novo estão por um fio.
O que se aproxima do outro abraçando-o em nós