quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Quase fanta



Por que tudo tem que se parecer com alguma coisa?
Pergunta feita por uma aluna para uma colega de classe que havia acabado de perguntar:
O que é isso?
Para quem ainda não se deu conta, tratava-se de uma imagem produzida por um outro colega.
Pergunto eu de forma mais categórica:
Por que tudo tem que se parecer com alguma coisa?
O parecer-se com alguma coisa tem a limitação de estarmos sempre referenciados pela realidade.
Que realidade intensa - é essa - pela qual passamos nos dias que nos atravessam.
Uma realidade televisiva e andante.
Andante de atravessar as ruas e as câmeras.
Onde começa a ficção e onde está entrevada a realidade não sabemos e não precisamos mais saber.
Não interessa, apenas importa, importamos nós e se importam eles.
É isso aí, é isso aqui e acolá.
É isso e aquilo e aquilo outro.
Parecemos todos com nós mesmos e com os outros todos aparentemente diferentes.
Adoro a imagem que meus olhos atencionam, depois que chego no andar plano, após ter subido uma escada circular - na rodoviária de São Paulo.
Os olhos põe atenção numa multidão de diferentes.
Difere-se a multidão, em calças, meias, sobretudos, sapatos, chapéus, chinelos, estampas e é tanta diferença que parece ser tudo igual, frente a frente, ante meus olhos cinquentões.
Adoro, afinal ao tentarmos retratar toda essa coisa e todas suas situações e posicionamentos, podemos optar por algo que nem isso parece.
Parece aquilo.
Um outro aquilo, um aquilo outro.
Aquilo que ainda não tínhamos visto, tanto como inexistia.
Existe agora, saltitante aos olhos e dançante na fantasia.
Com certeza é por tudo isso que as vestes que colocamos para deixarmos de sermos nós mesmos chama-se fantasia.
É fabulosa a fábula que conta sobre o casamento do fantástico com a fantasia.
É quase lindo e quase feio, crermos e sabermos que somos os diletos filhos, de tão inderterminante casal