domingo, 4 de setembro de 2011

É de burracha.



Cunversa é cum a gente mesmu.
É de burracha.
Nosso coração fica repleto de tudo e mais um pouco, de repente ele desperta para uma coisa inesperada e a gente fica se esborrachando de querer ressentir.
Estou falando pelo meu coração de jorge.
Não se passa uma borracha naquele jeito brincalhão de dizer que as vezes não entendia o que eu falava.
É tudo brincadeira.
Já imaginou entender o que eu digo ou escrevo?
É necessário um constante exercício com elásticos de cintura, tanto para os pés como para as mãos.
Mesmo assim, vou tentar dar uma dica para quem comete o exercício de me ler:
Leia palavra por palavra, julgue seus significados unitários e tente juntá-los na ordem que as palavras se apresentam.
Deve produzir algum resultado que satisfaça a sua curiosidade.
Amanhã devo pedir aos meus alunos que escrevam frases aparentemente filosóficas, para que as pessoas, ao verem trabalhos suspensos nas paredes de uma exposição, possam exercitar o pensamento.
Darei como exemplo a seguinte frase:
Ao pisar sobre essa boca de lobo, a lua sente uma vontade enorme de uivar para a manhã.
Mas faz aí faz todo sentido do mundo, me disse a querida!
Agora mando outra, de maior: estranheza:
A jaboticaba de borracha cuida do cesto de vime arrumado sobre a mesa de pinho.
Ela dirá com toda a sua esperteza e raça, que a borracha e a jaboticaba são gêmeas na cor, que a guardiã das frutas é a cesta - na sua beleza do entrelaçar do vime - e dirá que a simplicidade do pinho, sustenta e ampara todo esse conceito.
Ela é de burracha.
Ela estica a significância das coisas, até elas parecerem ser aquilo que delas se espera.
A capacidade que nós temos de esperar é só nossa.
Esperamos que as jaboticabas sejam pegas no pé e que o gato não seja tão esperto na arte de devorar canários.
Esperamos o tesouro desescondido após uma escavada na terra do quintal.
Uma medalhinha de metal, com a imagem desbastada pelo tempo nos enriquecendo a imaginação do que teria ali, estado.
Os estrangeiros desconhecem a cadeira dupla de madeira que nos faz ouvidos de pássaros e alaúdes