segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Função

E o funcionário da manutenção de uma escola, me ouviu dizer que eu não gostava muito da simetria.
Eu lhe disse que a simetria acontece quando tudo é igual, de um lado e do outro.
Ele rapidamente conferiu:
Isso mesmo professor, afinal, tudo igualzinho - de um lado e do outro - não deixa espaço para as pessoas pensarem.
Gênio!
A diferença abrindo a possibilidade da dialética, do debate, do surgimento de novas ideias.
Há muito se pensa e se sabe que a simetria faz das coisas, mais bonitas.
Uma beleza organizada, na defensiva, sossegada.
Precisou de boniteza, aplica-se simetria, mesmo que os nossos rostos jamais sejam simétricos.
A imagem e semelhança não é igualzinha em olhos, metades de bocas, narizes e uma orelha diverge da outra.
As orelhas por sinal chegam a um tamanho que vai destoando do rosto murchento.
Eu e os meus orelhões, ouvintes que só vendo.
Qual será o desenho das minhas íris diferentes entre si?
Será que o vidente da íris observa cada uma, ou escolhe uma, assim como a quiromante tem preferência pela esquerda?
Sinistragem.
A boniteza de tudo isso é transversa, é assimétrica, é um bater de palmas diferentes.
Uma palma na outra, avermelhando as duas, não de vergonha, mas de circulação sanguínea.
Adorava o lápis sanguínea para desenhar no papel jornal e, de quebra, acrescentava um giz de lousa branco para alimentar as figuras com luz.
Venho sendo alimentado por muita luz, venho sendo bajulado por ela, venho sendo adulado pelo seu brylho.
Que benção você corar a minha face de um lado e do outro.
Coral de oração onde a simetria da beleza pede licença e aconchega-se na sua lindeza.
Afinal, a lindeza é um estado da matéria, que transcende a obviedade da igualdade midiática e lamparina a sublimação da nossa alma