quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Papel de pai


Minha irmã achou o papel sobre o qual eu havia pensado de madrugada.
Ela foi arrumar uma maleta histórica do garoto e achou ali, o pepelito.
Foi na casa dela que houve o almoço que comemorou um dia dos pais antigo.
O garoto já se encontrava no início do processo bacteriológico que lhe afligia a perna direita.
A direita é a minha de apoio, afinal, no futebol chuto de perna esquerda, sinistra de botar a bola no - Band o canal do esporte.
Naquele dia de papel do pai, eu também reciclava o papel que também já representava de antanho.
Ele chorou emocionado, depois que li o pretexto.
Sentado.
Celeste.
Alviverde, vestindo a camisa bonita que o neto lhe deu.
Ele ali, era um jardim intenso, cheio de vontade de comer tão fartamente.
Hoje minha irmã achou o papel dentro da maleta que tinha a superfície que imitava pele de cobra.
A imitação sumiu e hoje é cinza esverdeada.
A fotografia do amassado plano de celulose, mostra bem a emoção do encontro.
Fosse ele bem liso e certinho, destoaria do papel parente, aparentado com o divino.
Esse meu, não é só meu - evidentemente - já que a mim nada pertence.
É nosso.
Nossos pertences cabem em poucas caixas de papelão.
Eu que amo papelão, barbante e fita crepe, essas matérias que tanto ajudam no reaproveitar das coisas que nos restam.
Resta-nos a espécie.
Essa espécie humana e divina, opaca e transparente.
Entes tão queridos, espécie em transformação.
Uma espécie de semelhança, que nos empurra pra lá, pra lá, pra lá. 
Pra lá do bem pra frente