sábado, 20 de agosto de 2011

Terço


Uma garrafa de água mineral.
Estou colocando dentro dela, uma a uma, as coisas que vão sobrando.
Vou enchê-la até a boca e até as tampas vou inchá-la.
Essa coisa literal, fará parte da mostra, da apresentação, do nosso cara a cara com tudo aquilo que vai me sobrando e vai extrapolando as necessidades.
Consumir oxigênio é imprescindível, é necessário, é urgente.
Vício vitalício.
Gosto de reutilizar, reaproveitar, transformando o observado e pensado - em inusitado.
Algumas coisas dentro do que vivo, revitalizo e acho ética e esteticamente viável.
O bonito e o feio, irmanados, se eles já não forem rigorosamente gêmeos.
Tradição e inovação, tradição ou inovação, e a solução dessa dialeticotomia permanece inalterada, girando em torno do faz de conta e do fazer parecer que é diferente, sendo que de longe se percebe a semelhança.
Talvez seja por isso que tudo o que faço, já vem com a certeza que alguém já fez bem antes e eu apenas desconheço.
Adoro pensar que fui eu que criei a dita, em pleno século vinte e um, com ainda mais gente pra pensar comigo.
Ter a consciência e a incerteza é o maior barato de ser criativo no instante hoje.
Ouvi dizer que nós todos temos pressa de realizarmos tudo ao mesmo tempo e que essa pressa nos faz cada vez mais ansiosos.
Estou ansioso por vê-la entrelaçando os fios com as esferas de plástico e ouro.
Rezo.
Anseio ter um terço, do seu ser inteiro