segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Colamontagem

Acabei de colar pedaços de jornal sobre montagens feitas com papelão.
Papelão, barbante e fita crepe, adoro mexer com essas manias.
O que cola uma matéria à outra, é o grude feito com três copos d'água e um com polvilho azedo, cozidos no fogo baixo.
Depois de pronto, o fogo da prontidão, é outro.
Um fogo irregulável, que queima de dentro pra fora e faz esfriar o nhoque em cima da mesa.
As caixinhas do meu presente de ontem já fazem parte dessa massa, elevando a moldura, sobre o desenho surrealista feito com caneta esferográfica azul.
Achei de colar tudo torto.
Nunca serei um grande artista, mas pensando bem, pra que que serve ser tudo isso?
Um grande artista está sempre estampado nas revistas e nos jornais, ao lado de tantas outras celebridades.
Artista é celebridade.
Nós, somos cerebridades.
Artistas ganham dinheiro.
Nós ganhamos os rudimentos das pombas.
Nossas pernas são irriquietas porque o nosso cérebro é totalmente móvel e curioso.
Acha de achar beleza nas polianices e nas rebeldias.
Eu saio nas fotos com outras cerebridades - gente esquisita e estranha - de entranhar no molejo das coisas.
Todas as coisas têm molejo, balanço e dançam conforme a música que percebemos delas.
Isso nem é cerebridade minha, isso já vem dos poetas de fogo irregulável.
Muitos desses, que já deixaram vários nhoques esfriando nas mesas.
Joguem pra dentro e pra fora, todas essas coisas produzidas e que ficam juntando poeira nas estantes, nos armários e embaixo das escadas.
Joguem tudo isso, goela adentro das celebridades, todas essas coisas que a gente percebe, sente e não se senta.
Levantemos nossa causa até causarmos mais espanto.
Todo esse discurso é só mais uma vistoria solta, sobre as notícias veiculadas pela TV.
As mídias públicas e propagandistas são sensacionalistas na justa medida que nos aguçam as sensações humanas mais animalescas, nos implorando sem esforço, que compremos a causa dos arrastões da ignorância.  
Ignoramos a bondade dos fatos, por ela ser chata e desprovida de arrojo.
Vou até o fim do mundo para buscar o que nos pertence, já que até chegar lá, necessitarei passar ainda, por muitos mundos de barbante e papelão.
A fita crepe eu guardo no bolso, para as ocasiões que eu precise falar um pouco mais alto