quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Velhodenovo


Curso de cuidador de idosos.
Essa era a frase escrita no pano preso no alambrado da antiga loja de pneus.
Que maravilha ter a certeza de que as pessoas estão vivendo mais e que - a certa altura - não podem mais serem cuidadas por si mesmas.
A maravilhosa necessidade de se precisar do outro e se precisar no outro.
A implosão do: Ado ado ado cada um no seu quadrado.
Que dádiva termos a condição de sermos - moços e nem tanto - eternamente cuidados pelas pessoas, nos abraços, braços e bençãos.
Maior dádiva ainda é essa, de podermos cuidar fazendo canções, fazendo carinhos acústicos, táteis, enfim, demonstrar carinhos, desfazendo nossos monstros, demonstrando.
Vamos providenciando uma surpresa após a outra.
Também sei que por trás da frase escrita com letras vermelhas no tecido branco, existe a oportunidade do emprego, do pregar-se na tarefa.
Pusemo-nos a colar pedaços de jornal sobre duas estruturas de papelão.
Uma suporta e a outra emoldura.
Quanto mais cola feita com polvilho e papel, mais rija fica a peça.
Assim é o trabalho que dá trabalho e acalma, forjando uma terapia intensiva que culminará na amostragem dos feitios, num corredor educativo.
Faz quem quer.
Do querer depende o nosso perfume e o perfumar do outro.
Adoro banho. Adoro tomar banho. Não saio de casa sem banho.
Herança indígena.
As sementinhas são ocas além dos seus pequeninos furos centrais.
Ocas, vão desaparecendo dela.
Moramos nelas.
Ocas.
Demoramos nelas, no exato instante em que batemos os olhos na peça.
Demorou-se ainda mais quando você ocupou-se da refazedura dela.
Mais delas e sua linha de resistência.
Faz quem quer e - ainda bem - que para o bem da decoração, os corações estão se mostrando disponíveis.
Aqui nos dispomos a espalhar-nos todos, sendo aromatizados pelo nosso querer.
Esse, que nos deseja deus de sempre, além da peça