domingo, 31 de julho de 2011

Vírgulas


Tosse, tosse, espirra.
Uma coceirinha na garganta e expectora-se aquilo que está grudado dentro da gente.
Houve uma vírgula entre o último texto e esse.
Um espaço que não foi vazio de nada.
Espaço cheio de líquidos, afetos e cuidados.
Depois de muitas vírgulas, fiquei adoentado, atacado pelos microrganismos, que desta vez, me puseram mais apático, sorriso do meio.
Resisti, andei bastante, um ponto e vírgula aqui, uma exclamação ali e estou retomando as letras.
Tomando-as todas como um antídoto.
A sequência pede decisão e fibra, reação e confiança, naquilo que o deus de sempre já avisava e avisa.
A visão ampla do alfabeto inteiro, letras interagindo nos diferentes compassos, vão escrevendo uma história cada vez mais próxima das nossas crenças impregnadas dos sons de apitos e cerâmica.
Doença é como um ritual de análise do voo.
Uma parada estratégica, sabendo que ela nem estática é.
É uma parada com bumbos, repiques e zabumbas.
Uma festa do próprio corpo e da alma, retomados e realimentados.
Um avanço.
Um toque firme no chão de estrelas, acariciando de forma um tanto dramática o verbo cuidar.
Agradeço a forma e o conceito dos seus gestos.
Reinventamos a roda após a vírgula.
Tudo requer um sorriso bonito e largo, uma canção de amor e um laço.
Tudo isso junto é o nosso texto, é o nosso pão.
A receita a gente não inventa inteira.
Pegamos as principais informações dos outros, juntamos às nossas, e colocamos a massa, delicadamente no forno à lenha, retiradas da floresta sustentável.
Sustentamos a ideia de que o nosso adoecer é a preparação para comer o pão bem quente