segunda-feira, 25 de julho de 2011

Volta às aulas

Houve um tempo em que apenas uma minoria - onde eu estive incluido - frequentava a escola.
Houve uma ação política, de segurança pública, que instituiu a escola para todos.
Aqui, nessa provocação, vai uma ação política como treino para a sua imaginação:
Imagine hoje - século vinte e um - a maioria dos adolescentes e jovens, sem emprego e sem trabalho, andando pelas ruas das cidades, também sem escola.
Imagine, respire e transpire.
A escola cercadinho.
Estou escrevendo enquanto espero o horário marcado para entrar na sala de aula, aqui numa das escolas públicas da cidade.
Escola públicas e particulares, cercadinhos.
Imagine.
Quero tornar público e notório, o fato de termos visitado queridos amigos, que não víamos há vinte e sete anos.
Amigos artistas que vivem e trabalham nas suas casas feitas com materiais restados de histórias de outras casas e de outros pareceres, pares e seres.
Pessoas que entrelaçam tão fortemente vida e arte, instantes e mais arte, nos trouxeram novo alento e uma ressonância vibrante para o desenrolar da nossa didática-artística-fazedora, nos encontros e nas salas de aula.
Ao chegarmos, encontramos um portão moldurado com madeiras que ressaltavam espelhos.
A poesia da bela me disse:
Eu esperava a amiga dona da casa e acabei por ver-me de frente!
Lá dentro do terreno recheado de floresta e encanto, abraçamos os corpos e as almas dos queridos, enquanto pudemos ter uma das maiores experiências sensoriais-estéticas-éticas, das nossas vidas.
Indescritível e até por isso não desejo descrever.
Parafusos, muita madeira de demolição, pregos enormes, detalhes de botões plásticos. cafeteiras italianas, teias, cascas de insetos, estrelas fosforescentes, lustres da rua da penha, chaves - fazem você que me lê agora, compor o cenário fantástico sustentável.
Maderite em cascas, um espelho fino e comprido na vertical, um suporte metálico para toalhas, fora da sala de banho. Dois cadeados e perguntas internas.
Eles acabaram de sofrer, num lugar tão lindo, depois de trinta anos na ilha, as agruras de uma educação deficiente e insuficiente, que assalta e rouba.
Depois dessa informação, o nosso reencontro tornou-se um impulso ainda mais forte para a nossa dedicação a favor de uma educação artística, que com paciência, insistência e vontade, ultrapasse a representação do belo e alcance todas as pessoas, nas conversas consigo mesmo, possibilitando a expressão de respostas elegantes.
A elegância assume um requinte ainda mais sublime, quando transcende um sentido único e passa a ser univérsica.
Essa elegância, compõe com tudo e com todos.
Essa elegância, é uma escola para todos