sábado, 16 de julho de 2011

Brodowsky


Várias coisas levam ao meu interesse por restos.
Numa visita às brincadeiras de criança de Portinari, deparei-me com madeira, tijolos e interferências.
Uma dezena de riscos arquitetônicos feitos sobre os restos de tinta, usados na pintura de uma  antiga parede.
Tudo a madeira suporta.
Hoje novamente me exponho à essas coisas esquisitas vindas de um território ainda pouco explorado.
Sou explorado pelos fatos conectados com as belezas da cena de uma tardinha, antes que seja tarde.
Sou explorado pela forte torrente de poesia que há no sorriso que não passa, explora e doa.
Doa de não doer na perna ou no corpo todo, mesmo que doa tudo isso e mais dois meses.
Um olho e mais dois óleos, esquentam as mãos e o verbo que se faz na carne.
A oração toca na sala de exposição, onde a guarda usa um fone de ouvido próprio, para que não lhe doa a repetição da obra.
Oração mântrica, baixando a guarda de quem passa e fica, fica e passa a ferro.
Uma farofa com farinha de mandioca, croca no crocar do salame improvável, que torna-se a mais provável das iguarias postas à mesa.
É sobre essa mesma mesa que estão dispostos os colares que há muito já colaram na minha lembrança.
Um sobre o outro, eles crocam de crocar na minha memória, gerando um definitivo bom gosto que transcende a saliva.
Os restos são diferentes das sobras, afinal, nos restos ainda falta tudo o que sobrou do muito que já foi usado