quinta-feira, 14 de julho de 2011

Acorda e nina


Quando eu escrevo que a fé é a Certeza de algo que ainda não se viu, é com certeza mesmo.
Estar-se certo de que algo acontecerá de forma positiva, sem que se fique ocupado e ansioso com o insucesso da empreitada, por exemplo.
Como alguém diz que acredita, e de tamanha preocupação, maltrata os dentes de tanto apertá-los uns contra os outros?
Sinto que devemos entregar nas mãos do mistério e olhando bem de perto as cenas, ir colhendo as suas graças.
O que eu fiz da minha vida é uma pergunta.
O que eu faço, constantemente, da minha vida é a resposta.
Além de tudo isso, vamos conectando os números coincidentes, tais como o dia ser treze e o quarto da internação ser o cento e treze.
O senhorzinho paterno saiu do quarto às quinze e quinze.
Eu nasci às quinze e quinze.
Um professor e sua esposa estão saindo do hospital quando estamos entrando.
Ele me reconhece, eu o reconheço apenas quando minha irmã diz seu nome.
Desembesto a correr atrás deles até encontrá-los no estacionamento.
Ele ficou felicíssimo ao saber que tornei-me um professor e me beija com o carinho de quem ama ensinar e aprender.
Eu poderia ter ficado apenas sabendo que era ele, mas no meu egoísmo atuante, resolvi que eu teria momentos de profunda felicidade e respeito.
Hoje escrevo bem cedinho e em breve, ao invés de telefonar para o hospital, estarei conversando com os trabalhadores da saúde para saber sobre os próximos procedimentos.
Num futuro brevíssimo estarei andando ao lado do senhor meu pai, para conferir se ele está disposto a ter uma vida bem diferente da que vinha tendo deitado e numismata.
Sofre-se bastante nesse planeta.
De diferentes e ardentes formas.
Somos os que sorrimos ardentemente sobre o leite derramado, uma, duas e até três vezes.
Damos preferência à entrega forte, ao gargalhar lençóico esbarrando no travesseiro, rindo de uma risada empreendedora, dessas que move montanhas.
Damos preferência ao entender às avessas do mundanismo, damos voz às conexões.
Nos entretemos com a voz que nana, que nina e faz acordar