sábado, 9 de julho de 2011

Macia


Maçãs são macias frutas, muitas vezes colocadas em caixas.
Maçãs do rosto nas macias faces da mesma moeda não comerciável, admirável.
Maços de salsinha são enrolados para o corte fino da faca de serra, certamente para dar sabor aos pratos que deixam ainda mais saudáveis as maçãs do rosto.
No texto da peça vista ontem, o autor lembrou das romãs, fato que me fez lembrar do verbete romântico, advindo da fruta que detém o nome do amor às avessas.
Não que as romãs representem o desamor, muito pelo contrário, já que é pelo contrário que tudo isso se define.
Contrariar é o desafio constante na delicadeza, a fim de colocar na mesa os doces que apresentam-se saborosos nessa receita.
Obviamente esse dizer é bastante diferente daquilo que vislumbramos na realidade, porém nada mais certo do que aquilo que é contrário a essa realidade novelesca.
Caixas se repetem como celas que guardam a maciez das belezas do coração.
Tudo que se encaixa deve brevemente desencaixar-se para poder gerar mais lindeza na maciez da surpresa.
Românticas atitudes são postas na mesa para a destilação da sabedoria da alma.
Os pés da romanceira nunca esperam para desencadear a dança dos seus frutos.
Acordam seus hormônios para a dança dos contrários.
Macia és, no toque dos sinos budistas.
Numa única nota, recebes inteira a lembrança alegre da casa amarela.
Um floreio de flauta e nada falta à flor que embala a bala doce, despojada do aperto do papel impermeável, selofane.
Quando a mesa é virada e a mulher põe-se a bater na porta na sua frente e no seu verso, as duas faces da mesma moeda giram na tormenta das caixas, que resvalam-se como na carga do velho caminhão.
Há maciez nas maçãs e nas romãs, nos caquis e nos pêssegos, e há caixas para guardá-la.
Não havendo forma de desaparecer com as caixas por completo, nos reservamos o direito de confeccionar mãos ricas em papel de seda, para que na maioria das horas, possamos embalar a fruta, num desejo macio de protegê-la um pouco