quarta-feira, 6 de julho de 2011

Retratos


Acho que li numa placa, colocada na frente de um estabelecimento comercial:
Tudo o que você precisa, e mais...
Estabeleceu-se assim.
Imediatamente relacionei a frase à uma outra, que uma pessoa importantíssima me disse outro dia:
Não acho tão legal reaproveitar o metal, o plástico, o papel e o vidro, acho muito mais legal reduzir esse material, afinal, quando a gente reaproveita, o negócio permanece aqui e vai demorar muito tempo para que ele seja absorvido pelo natural.
Uma questão está atravessando esse caminho ideal.
Existe muito mais gente nesse planeta do que havia antes, por exemplo, no século dezenove.
Desta feita, muito mais gente tem que ser empregada para produzir as coisas que suprem as necessidades básicas de sobrevivência - dessa mesma gente e daqueles que geram esses empregos.
Esse ritual gera uma cadeia circular de produção e consumo, que sem ela, o mundo como conhecemos hoje, no capitalismo do século vinte e um, torna-se insustentável.
O ser humano é uma coisa que não se contenta com necessidade básica, ele é uma coisa sofisticada, complexa e desta forma, a ideia de redução do lixo, torna-se um luxo filosófico.
Espere um pouco, respire.
Voltemos à frase do início desse texto:
Tudo o que você precisa, e mais...
Quando li, logo pensei na provocadora arte, que produz inutilidades materializadas, porém com enorme utilidades espiritualizatórias, que estão contidas exatamente no mais da frase.
O ser humano é complicado e complexo demais - e obviamente - o estabelecimento autor da frase, usou o verbete mais, para referir-se as tantas coisas mais que devemos comprar, além da nossa básica necessidade.
Antes que eu me esqueça, os três Rs para a dita e propagada sustentabilidade são: reciclagem, reutilização e redução.
Só de raiva braba, vou começar agora a propor que meus amigos façam retratos, misturando gente contida nos jornais, aos pedaços, colados sobre tela de algodão à moda painel, medindo setenta por cinquenta centímetros.
Eu e o mundo precisamos sempre de provocação, de uma pilha que nos mova para o atendimento ao chamado - pro vocare.
To brabo e elétrico!
Eu não preciso de arte de jeito nenhum, mas ela encasquetou de precisar muito de mim

Manhã


Uma manhã inteira para retrabalhar algumas imagens e ficar inventando no editor.
Além desses passos, andei colando mais coisas no suporte que vai me suportando papelônico.
Uma folhazinha apareceu encantada, presa numa teia antiga sobre o tapete e agora passou a encantar o pastpatour.
Resolvi escrever o verbete dessa forma, no meu francês apaixonado, porque sou também emocionado pela sua destreza no trato da língua que presa pela liberdade, igualdade e fraternidade.
Não há como não estabelecer relações.
Elas vibram frenéticas, encantando os sentidos, realçando todas as coisas naquilo que elas já possuem internalizadas.
A tecnologia de ponta vai apontando ferramentas para os nossos devaneios terapêuticos e passatempais.
Há algum tempo se pensava que essa técnica limitava a criação, porém eu vejo claramente que a invenção se anima quando a facilidade se apresenta.
A cabeça e a sua vasta eteriedade, vai alimentando o vento que a impulsiona, num círculo vicioso, que mais do que um círculo, é uma espiral concêntrica.
No centro da roda está a invenção fundamental, que facilita os nossos movimentos, nos levando sabe deus pra onde.
A única certeza que temos, transcendeu a morte, nos mostrando que o caminhar sobre a espiral é bonito, é bonito, é bonito