domingo, 3 de julho de 2011

Travessa


Uma travessia tranquila sobre as águas.
Um saber ancestral que avisa as tarefas para que elas se aproximem do altruísmo.
Andamos juntos, sabendo que podemos animar o nosso exército a continuar caminhando pra frente, relando os pés na superfície lisa das águas mais revoltas.
Águas calmas parecem não molhar os nossos pés de pato.
Basta dessa tristeza, meu povo, essa que não conversa sobre outra coisa.
O histórico revolta-se com ele mesmo e propõe uma outra retórica.
Propõe uma história onde a vitória sempre marca o começo de um recomeço intenso.
Um começar sempre, e sempre de uma outra forma, mais ou menos como algumas das sortes do açúcar:
Apaixone-se sempre pela mesma pessoa, beije mais, ou ria mais de si mesmo.
Uma agulha apaixonada pela lã, vai entrelaçando, vai interligando os pontos, vai tecendo as linhas e faz tudo isso comandada pela artesã curadora.
Sua técnica é responder à altura toda provocação das coisas que não a deixam em paz.
Assim os fatos se sucedem mostrando que a alegria não é um estado de espírito reacionário.
A alegria avisa o corpo, que a vida precisa de alguma coisa extranatural para desenvolver-se mais esperta.
Amamos uma caminhada musicada pelos sons da natureza pagã, onde a água que se guarda na terra, um dia brota e sacia a sede sem colocar os pés pelas mãos.
Nossas mãos são os pés que despertam todos os nossos gestos e registros acelerados.
Vamos colocar as mãos na cumbuca do tempero forte e vamos rumar espaço a dentro, conformando a lua à pedra solta no jardim redondo.
Olhamos por entre as folhas e admitimos que as nossas cordas foram morar com a água subterrânea.
Admitirmos que a alegria venha morar em nós é a mais sublime admiração .
Admiro você, no instante em que seus dedos tocam a dança de todas as coisas