sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um papel entre as páginas


Um papel adorável para a encenação da paixão é aquele que recebe seu retrato.
Depois de pronto, ele conta a história da menina que tornou-se mulher com a força das circunstâncias temporais.
Um temporal cósmico sobre as terras dessa garota transcendental.
Um papel que a represente, requer tradição e modernidade.
Uma atriz vidente que na vigência do sorriso, apresenta ao público seus sonhos transcritos.
A árvore que desencadeou o plano branco celulóidico, tem raizes profundas que retiram a água da fonte e nutrem a seiva bruta.
Uma frase grafítica e a face bela e rara enaltece a riqueza da intenção.
Agora só resta emoldurar a folha com outras tantas matérias ricas de história e gênese.
Origina-se assim uma poesia feita com anéis e seus dedos.
Retratar é tratar novamente.
Tratamento feito com claros e escuros que, no decorrer da contação, vibra na sutileza das presenças docemente esperadas.
Retrato a mulher que doravante segue menina.
Um riso, uma piada, uma dose de temperamento sobre o corte dos tomates.
Tomara que a minha cara encare a face, cara a cara e face a face, minha cara.
Minha caríssima moleca, embrenha-se retrato adentro.
Um dos papéis mais lindos da sua carreira está supercolorido, aguado em azuis, pendurado na parede esquerda, outro entoa um canto, xilografado na parede materna.
São tantos os papéis, que no frigir dos ovos, um deles absorve a gordura das batatas.
O corte fica por minha conta, nos pequenos pedaços de coisas para encarar temperos.
Com a cara mais lavada do mundo, tento imitar seu rosto.
Com a alma mais lavada do planeta, encontramo-nos na trama de celulose.
Com muito cuidado juntamos as partes e montamos um jogo de expressões, onde cada um dá a sua cara à tapa.
Uma bofetada gráfica, onde o risco é apenas um traço forte, que se arrisca a abraçar entrelaçado, o nosso peito