quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ressoante


Passei para conversar com quem entende, o funileiro.
O vendedor e colocador de fechadura de porta automobilística, disse-me que o problema seria resolvido apenas com a empurração do pino preso à porta.
Seria nada.
O problema é uma lingueta faltante na fechadura recém colocada, porém, disse-me o funileiro inteligente:
Professor, você está conseguindo abrir e fechar a porta com um jeitinho diferente, não está?
Compreendi de imediato.
Vou continuar contando histórias mágicas sobre o automóvel que promove ideias.
O tradicional me serve para ser desvirtuado, mesmo que eu possua uma técnica primorosa na lida com lápis grafite e lápis de cores.
Que maravilhoso é esse tempo em que estamos inseridos.
Um turbilhão entre o tradicional, o imutável sistema e a transfiguração humana e angélica.
Um alvoroço entre a matéria e o espírito, a carne e a alma, a teoria e a prática.
Amamos fazer, acontecer, causar, esticar o elástico até ele querer esgarçar-se.
Amamos o perfil retratado com os dois olhos, à maneira cubista.
O bidimensional adquirindo facetas tridimensionais.
A foto mostra o instante em que a fera devora a presa e a despreza.
Os destroços são a matéria bruta.
Deles, enaltecemos a plasticidade e transformamo-os em resgate.
O resgatar da técnica, transmutando-lhe o conceito.
A providência divina, por nós não é necessária e vista a partir das necessidades financeiras.
Como é bom ser independente.
Ao largo da imensa dependência que temos de tudo que nos cerca, o que nos abre a porteira é a largura do nosso olhar.
O verbo importar traz no seu rastro a porteira inteiramente aberta, para que toda teimosia reine.
O que há de teimoso em nós, teima em ter visões de raios X, num tempo de ressonância magnética