terça-feira, 7 de junho de 2011

Fila a calça


Estava em aula.
Alguém perguntou quem ia ficar para a aula de filosofia que seria ministrada à tarde.
Prontamente um aluno do fundão exclamou:
Nós já estamos tendo aula de filosofia!
E eu mais do que rapidamente disse em som animado:
Grande garoto!
No ano passado li um texto do paulo, o freire, dizendo que o professor deve proporcionar aos seus alunos, momentos onde eles viagem pelo pensamento do mestre.
Que eles não durmam nos instantes onde o professor palestra, mas que eles sejam capazes de caminhar através das histórias mutáveis, enfeitadas e empolgadas, daquele que não dá conselhos, mas conta histórias.
Talvez seja por isso que eu comece a história pelo fim, dando a impressão para quem ouve, que ele ainda não conhece sobre o assunto tratado.
Com o passar das frases e recantos, que seja o ouvinte a descobrir, reinventar e a interpretar o fluente rio do texto, até que ele próprio chegue na composição final, daquilo que eu, havia previsto dizer.
Quem orienta o fluir do rio é o próprio leitor e ouvidor.
O oriente é o território das mensagens flutuantes do pensamento.
Em todos os momentos tenho na cabeça a cena do poeta chinês, que na praça central da grande cidade, escreve seus poemas no chão de lajotas usando um enorme pincel molhado com água, de tal forma, que no mesmo instante em que os leitores vão se deliciando com a composição lírica das palavras, as primeiras frases já vão se apagando.
Lindo!
Quem leu, leu, quem não leu, pensa, ou vai se engajando no próximo encantamento.
Existem também aqueles que não notarão a presença e nem sentirão a falta.
Existem.
Pois que existamos tantos, participando da entrega total, do corpo e da alma, para uma causa onde o pensar veste aquilo que o sentimento calça