segunda-feira, 23 de maio de 2011

É isso mesmo


É isso mesmo.
A minha estranheza consiste em tentar, com muita calma, fazer com que as pessoas compreendam o que eu quero dizer.
Podem crer.
Eu quero sempre dizer alguma coisa.
E sempre tenho a certeza que estou sendo o mais objetivo dos homens.
Dois mais três igual a cinco e também significa vinte e três e até um vinte e oito.
Este último, além de ser uma escola de samba dessa minha cidade é um dia de atenção sorrisificante.
É isso mesmo.
Um aluno veio correndo me mostrar um desenho e foi logo dizendo:
Olha o que eu produzi durante uma aula X!
Apressei-me em dizer:
Eu também fazia isso. Desenhava nas aulas X e Y, nas contracapas dos meus cadernos.
Esperei um tempo, empostei a voz e fui logo me retrucando:
Vejam bem. 
Prestem muita atenção.
Eu ficava desenhando nas aulas X, Y e até na Z.
Olhem bem para mim.
Vejam o que me tornei:
POBRE!
E o povo ficou matutando:
Mas ele é tão feliz!
É isso mesmo, é todo um processo.
A gente emposta, encosta, revolve e reviravolteia.
A gente aniversaria, ria, rio, rimos e rimas.
Outro dia escrevi que sou pobre pobre pobre de marré marré marré.
Não nos basta escrever, a gente vive de acreditar em tudo e em todos.
Encontrei um cara na loja de artigos de plástico que me disse:
Eu sou só, dependo de mim mesmo e se parar de trabalhar adoeço e morro.
Resolvo, portanto, achar alguma felicidade rindo de mim mesmo.
Muita gente já disse isso, mas dito assim e por ele, foi bem mais interessante.
Quando a gente junta os trapos pra inventar um novo costume, jamais o costume será igual.
Rindo de si mesmo, você reinventa um manto, partindo de qualquer trapo.
Rindo de nós mesmos, a gente inventa uma nova prova dos nove, dos dez, onze, ad infinitum.
Ad mirável, extra ordinário.
É isso mesmo