quinta-feira, 28 de abril de 2011


Você também é filha de deus.
Poder sentar e colorir as patinhas com cores todas lindas, de um lindo que combinou de combinar com o todo, já que o todo, ainda mais deseja.
Desejar mais, e mais ainda o suficiente.
Nós temos uma capacidade lógica de administrarmos o que nos é suficiente.
Provavelmente os artistas tenham essa vantagem em si, afinal o em si é um caráter fantástico e lógico nesse ser imaginadouro, que pretende descobrir das coisas, outras coisas e mais coisas ainda, que delas possam ser descobertas.
Pensei na literatura da imagem e na imagem literal.
Um papel é coisa pouca diante de uma vastidão de sentidos a seguir e a aguçar.
Aprendi com a dança, que a palavra fetiche significa configurar animação às coisas antes inanimadas e aprendi também que a palavra fetiche tem a sua vertente na palavra feitiço.
O sentido não pode nos ser imposto.
Falando nisso, acabo de pagar a primeira, das oito parcelas que devo, depois de trabalhar bastante em três locais onde não tenho teto suficiente.
Meu teto é minha caixa craniana, meu lar, minha casa de pensamento, posto não não ser aqui que guardo minhas lembranças.
Ainda consigo guardá-las na alma, no coração e no pulsar incessante dos acontecimentos igualmente ativos e enfeitiçados.
Como já dito, comecei a desenhar ontem e estou achando o que procuro, curando em mim, os pensamentos fundados numa lógica que vincula a arte ao trabalho.
Fosse assim, estaria exausto ao meio dia.
Exausto não estou, estou sim, extasiado.
Quero encontrar-me contigo o dia inteiro e enquanto escrevo essa frase já estou inteiramente integrado ao seu contexto.
O seu texto é confeccionar, encontrar a combinação exata das pedras, mesmo que as inexatas também a ti interessem tanto.
Quando o poeta fala da pedra que encontramos no caminho, também encontramos o alicate e o fio de arame.
Estamos entrelaçados por esse fio.
Fio transparente, da anunciação.
Atendes-te ao chamado, cumpre-se a vocação.
Evoco-te e também eu, abro-me ao vocare.
Comparecemos nós, na nossa aparência semelhante.
O que se assemelha em nós pertence ao mundo e é dessa forma que agora desenhamos e brincamos.
Brincamos com os brincos que a louca sã confessa